Brasília, 2 jun (EFE).- A ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, e o titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro, Fernando Pimentel, acertaram nesta quinta-feira que seus países "agilizarão" os trâmites sobre as licenças não automáticas, mas descartaram sua extinção no curto prazo.
Giorgi e Pimentel, que se reuniram em Brasília para buscar uma solução aos problemas comerciais que surgiram entre os dois países nos últimos meses, também negaram que exista uma "crise", uma "ruptura" ou "tensões" na relação bilateral.
"O Brasil e a Argentina têm uma corrente de comércio muito volumosa. Isso gera ruídos", disse em entrevista coletiva conjunta Pimentel, que citou dados dos dois países segundo os quais a troca nos primeiros cinco meses deste ano chegou quase a US$ 15 bilhões, o que representa um recorde histórico.
No caso das licenças não automáticas, que são atualmente o motivo de maiores atritos, Giorgi e Pimentel disseram que se comprometeram a agilizar os trâmites comerciais, mas também reafirmaram que as medidas serão mantidas.
No caso das aplicadas na Argentina, Giorgi detalhou que afetam cerca de 20% dos produtos que seu país importa do Brasil.
Pimentel, por sua vez, reiterou que as aplicadas no Brasil às importações de automóveis não afetam somente a Argentina, mas o "mundo todo".
Questionado por Giorgi, no entanto, o ministro admitiu que "cinco em cada dez" automóveis importados pelo Brasil vêm da Argentina.
Os ministros também acertaram que ambos os governos farão um esforço conjunto para promover o diálogo e o entendimento entre os setores privados dos dois países, que são a fonte de descontentamentos quando há problemas no comércio bilateral.
Giorgi acrescentou que esse esforço será feito com a convicção de que as relações entre Brasil e Argentina "só podem ser mais e mais profundas".
Os dois ministros decidiram que para "dar continuidade" às conversas, equipes de seus ministérios se reunirão a partir de agora a cada 30 dias, a fim de fazer um acompanhamento das questões bilaterais e também das relativas ao Mercosul.
A ministra argentina explicou que durante a reunião desta quinta-feira discutiram também os impedimentos para o acesso do azeite de oliva, bebidas alcoólicas e outros produtos argentinos ao mercado brasileiro, sobre o qual disse que as conversas "avançaram" mas continuarão em outras ocasiões.
Já Pimentel manifestou sua esperança de que possam resolver os obstáculos para um possível financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às compras de máquinas agrícolas e caminhões da Argentina.
"Os caminhões fabricados na Argentina são montados, em boa medida, com peças elaboradas no Brasil", declarou Pimentel, que indicou que esse fator ajudará a desbloquear as negociações com o BNDES. EFE