Rio de Janeiro, 7 fev (EFE).- O Brasil, dono da sexta maior reserva mundial de urânio e com tecnologia para enriquecer o mineral no país, sondou a possibilidade de vender urânio enriquecido à China, França e Coreia do Sul, segundo um documento oficial citado nesta segunda-feira pelo diário "O Estado de S.Paulo".
O documento detalha os resultados da viagem de um grupo de funcionários brasileiros a vários países com usinas nucleares de geração elétrica, aos quais foi oferecida a possibilidade de adquirir urânio enriquecido no Brasil.
Apesar de o Governo brasileiro ainda não ter decidido se aprovará ou não a exportação de urânio enriquecido, o documento indica que existe uma demanda garantida para o material, que tem interesse pelo produto brasileiro e que o negócio pode render elevadas receitas ao país, indica o jornal.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou na semana passada, em entrevista ao jornal "Valor", que o Brasil irá investir R$ 3 bilhões na construção de duas fábricas que vão permitir que o país realize o processo completo de enriquecimento de urânio.
O Brasil extrai atualmente o mineral e o envia ao Canadá e à França para que seja transformado em gás, uma parte vital no processo de enriquecimento de urânio.
Posteriormente, importa esse gás e realiza a etapa final da fabricação das cápsulas de combustível para suas usinas nucleares de geração de energia em uma fábrica de enriquecimento de urânio no país e para a que desenvolveu reatores com tecnologia própria.
As duas novas fábricas projetadas vão permitir que o Brasil transforme o mineral em gás diretamente no território brasileiro e complete em 100% o domínio e a autonomia no processo de desenvolvimento do combustível para seus geradores nucleares.
As fábricas terão capacidade de produzir o urânio enriquecido necessário para as usinas nucleares do país e de gerar excedente para exportação.
O documento a que teve acesso "O Estado de S.Paulo" indica que a demanda por urânio enriquecido tende a crescer devido ao aumento do número de usinas nucleares de geração elétrica no mundo e ao elevado preço alcançado pelo combustível.
Durante a viagem realizada no final do ano passado, os funcionários brasileiros tiveram contatos com autoridades e empresários dos três países citados e ofereceram urânio enriquecido para as 30 usinas que a China está construindo e para os clientes da multinacional francesa Areva.
O urânio oferecido pelo Brasil é enriquecido a níveis entre 2% e 4% de U-235, suficiente apenas para usinas nucleares e para outras aplicações pacíficas.
O secretário-executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Alfredo Salomão, citado no documento, informou que o país que manifestou maior interesse foi a França.
Salomão disse que os dirigentes da multinacional Areva, maior produtora de urânio enriquecido do mundo, manifestaram inclusive interesse em participar da extração e do enriquecimento de urânio no Brasil, segundo o documento citado pelo jornal. EFE