Londres, 30 jan (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, terá que enfrentar o mal-estar da ala eurocética de sua formação política se na cúpula de Bruxelas fizer algumas concessões na área fiscal para os países da zona do euro.
A participação de Cameron na reunião de Bruxelas é a primeira desde dezembro, quando causou polêmica pela decisão de vetar um acordo fiscal para solucionar a crise na zona do euro. No entanto, a medida foi duramente criticada pelos membros na coalizão de Governo, os liberais-democratas liderados por Nick Clegg.
O jornal "The Times" revelou nesta segunda-feira que Cameron enfrenta o descontentamento da ala direita dos "tories" (conservadores) porque o primeiro-ministro se mostra disposto a permitir que o Tribunal Europeu de Justiça supervisione as novas regras para superar a dívida na zona do euro.
Cameron negou até o momento que o tribunal tivesse sido usado como supervisor das novas regras por considerar que a corte teria que atender tanto aos países da zona do euro quanto à União Europeia (UE) em seu conjunto, mas agora Cameron parece disposto a abandonar essas reservas como forma de concessão.
Em dezembro, o Reino Unido foi o único dos 27 países da UE que se negou a apoiar o pacto fiscal porque as proteções que pedia para Londres foram negadas, mas o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, disse na ocasião que o país ficou isolado com essa decisão.
Por causa dessa situação, o "The Times" afirmou que Cameron viajou dessa vez a Bruxelas com um funcionário próximo a Clegg.
O ministro do Trabalho e Previdência britânico, o eurocético Iain Duncan Smith, advertiu no fim de semana que Cameron pode ter problemas em sua formação por essas concessões.
"O primeiro-ministro vetou o uso das instituições e sempre disse que fez isso por não termos garantia de que o que estava propondo não prejudicaria o mercado único", disse Duncan Smith em declarações à emissora "BBC".
Os líderes da UE fazem nesta segunda uma nova cúpula extraordinária com objetivo de encontrar uma saída para a crise, incluindo uma discussão sobre medidas que estimulem a geração de emprego para os jovens. EFE