Canadá prega redução do déficit e convida países do G20 a seguirem seu modelo

Publicado 23.06.2010, 19:22

Julio César Rivas.

Toronto (Canadá), 23 jun (EFE).- O Governo canadense, que no final de semana será o anfitrião das cúpulas do Grupo dos Oito (G8, países mais ricos e Rússia) e do Grupo dos Vinte (G20, países ricos e principais emergentes), disse hoje que suas políticas contra o protecionismo e a redução do déficit, que lhe permitiram ser o país desenvolvido menos afetado pela crise mundial, são um modelo a seguir.

O ministro do Comércio Internacional do Canadá, Peter Van Loan, disse à Agência Efe que "do ponto de vista do processo das cúpulas, e após a aparição da crise econômica global, um dos aspectos mais críticos foi a luta contra o protecionismo".

Loan acrescentou que o livre-comércio é a solução para fortalecer a incipiente recuperação econômica vivida em muitos países. "E esta é a mensagem que vamos passar durante a Cúpula do G20". O encontro será realizado no sábado e no domingo em Toronto.

Loan não é o único ministro a promover as políticas do Governo do Partido Conservador do primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, como o caminho certo a ser seguido por outros países.

Segunda-feira o ministro de Finanças canadense, Jim Flaherty, foi a Washington para explicar as medidas políticas que permitiram ao Canadá ser o país do G8 que melhor enfrentou a crise.

Um documento distribuído hoje sobre a "Liderança Econômico Mundial do Canadá" ressalta que o país "tinha a posição fiscal mais sólida do G7 no momento da aparição da recessão global, o que permitiu ao Canadá responder rápido e energicamente para estimular a economia".

Segundo o Governo canadense, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) real do Canadá durante a recessão do ano passado foi de 3,4%, a menor perda de todos os países do G7.

Igualmente, a recuperação econômica canadense começou no terceiro trimestre de 2009 impulsionada pela demanda doméstica que cresceu mais rápido, 3,6%, que nos outros países desenvolvidos.

Isto permitiu que a atividade econômica do país seja hoje praticamente igual a que existia antes do início da recessão, enquanto no último trimestre a economia canadense cresceu 1,5%.

Desde julho de 2009, o número de postos de trabalho aumentou em 310 mil, o que permitiu recuperar 75% dos empregos que desapareceram durante a crise, sendo que a taxa de desemprego se situa atualmente nos 8,1%.

O Canadá também aproveitou os dias que antecedem as cúpulas do G8 e G20 para aumentar suas perspectivas de crescimento econômico para este ano, passando de 2,6% para 3,5%.

A sólida posição econômica e fiscal do país permitiu que Ottawa se transformasse em uma das principais vozes discrepantes no panorama internacional.

O Governo canadense, por exemplo, expressou sua completa oposição à imposição de um imposto bancário como propõem os países europeus.

Flaherty ressaltou que o setor financeiro canadense é especialmente estável e é um modelo que deveria ser adotado pelos países que as entidades financeiras tiveram que socorrer.

Ottawa também enfrentou seu principal aliado e parceiro comercial, os Estados Unidos.

Harper quer que o G20 se concentre em reduzir rápida e drasticamente os déficits públicos, o que considera uma prioridade na atual conjuntura econômica.

"Os países desenvolvidos têm que lançar uma mensagem clara de que à medida que os planos de estímulos terminam, devem colocar ordem no terreno fiscal. Isto requer planos críveis de consolidação fiscal", disse Harper em carta enviada aos líderes do G20 no dia 17 de junho.

Ao mesmo tempo o presidente americano, Barack Obama, ressaltou em outra carta ao G20 que a ênfase tem que ficar na reativação da demanda, o que torna necessário manter o gasto público mesmo que isso signifique aprofundar o déficit. EFE

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