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Candidato austríaco à FAO defende urgência no tema alta dos alimentos

Publicado 05.02.2011, 08:45
Atualizado 05.02.2011, 12:24

Luis Lidón.

Viena, 5 fev (EFE).- "O encarecimento dos alimentos deve de ser tratado com urgência pelo Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes". Este é um dos pedidos do austríaco Franz Fischler, candidato a dirigir a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

Fischler disputa a posto com outros cinco candidatos, entre estes o brasileiro José Graziano da Silva - representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, e o espanhol Miguel Ángel Moratinos, ex-ministro de Assuntos Exteriores, e do brasileiro José Graziano da Silva.

Pertencente a ala mais social do conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP) e foi comissário europeu de Agricultura entre 1995 e 2004, e durante parte de seu mandato (desde 1999) também exerceu a função de comissário da Pesca.

"Eu gostaria de contribuir para alcançamos o objetivo de um mundo sem fome. Acho que pela minha atividade internacional em Bruxelas conto com a experiência necessária", afirmou em entrevista à Agência Efe na qual explicou os motivos da apresentação de sua candidatura como sucessor do senegalês Jacques Diouf.

Fischler preside desde 2005 o Fórum Ecológico e Social, um laboratório de ideias que pretende impulsionar um desenvolvimento baseado no respeito ecológico e justiça social.

"A especulação (com produtos alimentícios) que acontece nos mercados financeiros, com instrumentos como os derivativos, deveria ser regulada", ressaltou, para elogiar as ideias do presidente francês, Nicolas Sarkozy, a respeito.

"Sarkozy se esforça, como presidente do G20, para conseguir uma arquitetura financeira melhor. Algo que deve de ser apoiado sem fissuras", acrescentou.

Para o austríaco, o mercado de derivativos e de outros instrumentos financeiros especulativos com produtos básicos se diferencia claramente do mercado de futuros, que considera positivo e que inclusive apresentou "estabilidade" nos preços.

"O maior problema atual é que ainda não sabemos quanto mais podem subir os preços. Qual é o pico máximo? Em 2008 já houve problemas de preços e de abastecimento em diversos países em desenvolvimento. E também houve pequenas revoltas, como a do México, por exemplo. Os acontecimentos do Egito e da Tunísia também tiveram a ver com os preços dos alimentos", explicou.

Entre suas ideias para reduzir o flagelo da fome destaque para necessidade de dobrar a produção alimentícia nos países em desenvolvimento.

"É preciso produzir mais. E isso, especialmente nas regiões do planeta onde cresce a população. Isto é, nos países em desenvolvimento. Trata-se de ajudar os países a modernizar sua agricultura. Acho que se deve realizar uma reflexão geral, porque há 20 anos dedicava-se à agricultura 20% dos fundos para o desenvolvimento. Agora é entre 3% e 4%".

Ainda apesar de demandar aumento da produção, ressaltou que o problema da fome no mundo é causado pela pobreza, não pela falta de alimentos.

"O problema da fome não é causado pela insuficiente produção de alimentos. O problema é a pobreza. O problema é que 1 bilhão de pessoas não pode comprar alimentos. Por isso acredito que se não sabemos acabar com a pobreza não poderemos solucionar o problema da fome", indicou.

Destacou o papel desempenhado na segurança alimentar mundial dos países industrializados, que produzem dois terços dos alimentos mundiais.

"Nas subvenções (aos produtos agroalimentares) dos países ricos ocorreram mudanças fundamentais. Antes as acusações que faziam os países em desenvolvimento eram justas porque se desvirtuava a concorrência. Mas estas quase se eliminaram, e Europa eliminou muitas subvenções", afirmou.

"E olharmos os números do comércio, verá que as importações (agrícolas) em direção a Europa nunca subiram tanto, e as exportações se reduziram muito", disse.

Outro aspecto destacado é a contribuição que a partir da agricultura é possível fazer na luta contra a mudança climática, algo fundamental porque é uma das atividades econômicas mais afetadas.

"A agricultura ainda gera biomassa que até certo ponto pode ser utilizada como alternativa ao petróleo e ao gás. Isto deve ser feito com duas condições: que a prioridade seja segurança alimentar, e que utilizem de forma preferencial os subprodutos da agricultura, como palha, para gerar energia", indicou. EFE

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