Caracas, 20 ago (EFE).- O presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
ofereceu hoje comprar do Brasil dez mil veículos a gás por ano e
criar um fundo especial binacional para financiar projetos em áreas
que considera prioritárias, como a automotiva, a agroindústria e a
de medicamentos.
"Podemos fazer um plano a quatro ou cinco anos, e o Brasil pode
nos fornecer vários milhares, não me atrevo a dizer quantos, ponha
dez mil para começar, veículos ao ano, que consumam gás", declarou
Chávez.
O presidente fez essas declarações durante o ato de assinatura de
oito convênios entre seu Governo e uma delegação de 80 empresários
brasileiros, que terminou nesta quinta-feira uma visita de dois dias
a Caracas.
Chávez disse que o Brasil pode ajudar Governo venezuelano a
desenvolver os planos de "gás veicular" na Venezuela, quinto
exportador mundial de petróleo e onde, como disse, se "esbanja
gasolina". No país, o combustível é vendido pelo valor mais baixo do
mundo: 0,097 bolívares (US$ 0,045) o litro.
O acordo confirma a intenção venezuelana de substituir a compra
este ano de dez mil carros da vizinha Colômbia, em meio à nova crise
bilateral derivada do conflito interno colombiano.
Em discurso perante os empresários brasileiros, Chávez ressaltou
que o setor automotivo faz parte da dezena de áreas que considera
prioritárias dentro dos projetos bilaterais entre Venezuela e
Brasil.
"Automotivo, agroindústria, remédios, materiais de construção,
petroquímica, equipamentos petroleiros, mecânica, eletrônica, rede
têxtil e material de defesa", essas são as "prioritárias", disse o
chefe de Estado.
Para assegurar o financiamento de projetos nessas áreas
prioritárias, Chávez propôs "criar um fundo especial binacional",
sem dar mais detalhes.
O líder venezuelano apresentará a proposta durante a próxima
reunião de trabalho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
provavelmente em setembro, e fazer assim "um mapa para os próximos
quatro anos" que abranja todos os temas em diálogo.
Os oito documentos assinados nesta quinta-feira entre empresários
brasileiros e o Governo venezuelano contemplam a criação de oito
fábricas que se dedicarão à produção de cartões impressos, PVC
(resina sintética) e maquinaria.
Também serão foco a produção de vasilhas de vidros, tampas e
recipientes de lata para a indústria de alimentos, como disse nesta
quarta-feira o ministro da Tecnologia venezuelano, Jesse Chacón.
A troca comercial entre Venezuela e Brasil alcançou US$ 5,688
bilhões no fechamento de 2008, com crescimento de 12,21% em relação
ao ano anterior. EFE