Pequim/Taiwan, 29 jun (EFE).- Delegações de China e Taiwan
assinaram nesta terça-feira na cidade central chinesa de Chongqing o
Acordo Marco de Cooperação Econômica (AMCE), um tratado de
livre-comércio que abre uma nova era nas relações entre dois
territórios em conflito desde 1949.
O tratado foi assinado pelos presidentes da chinesa Associação
para as Relações através do Estreito (ARATS) e a taiuanesa Fundação
Intercâmbios do Estreito (SEF), que há mais de 15 anos conduzem as
negociações entre os territórios.
O acordo reduzirá tarifas para cerca de 800 produtos chineses e
taiuaneses nos respectivos mercados e, segundo as duas partes, é o
mais importante assinado em seis décadas, pois será fundamental para
o futuro econômico de Taiwan e representa uma aproximação sem
precedentes de Pequim à "ilha rebelde".
A assinatura marca o fim de dois anos de negociações entre ARATS
e SEF, coincidindo com o retorno ao poder em Taiwan do Partido
Nacionalista Kuomintang (KMT).
As negociações estiveram suspensas entre 1997 e 2008,
especialmente durante o Governo na ilha do independentista Chen
Shui-bian (atualmente preso por corrupção).
As duas partes destacaram o histórico do acordo, que segundo
afirmou nesta terça-feira o presidente taiuanês, Ma Ying-jeou, em
Taipé, "fomentará a internacionalização da ilha e evitará sua
marginalização comercial".
Por outro lado, os independentistas taiuaneses, agora na
oposição, se referem ao acordo como um "cavalo de Tróia" usado pelo
Governo chinês, e asseguram que é mais um passo no processo do KMT
para reunificar a ilha com o território do qual esse mesmo partido
se separou em 1949.
Entretanto, o Governo nacionalista de Taiwan, apoiado pela China,
defende o acordo como única saída viável perante o perigo de
isolamento regional para a economia taiuanesa, mais afetada pela
crise global que o gigante asiático.
Os empresários taiuaneses, que defendem o acordo, estavam, além
disso, atemorizados pelos efeitos negativos que podem ser causados
pelo Tratado de Livre-Comércio entre China e a Associação de Nações
do Sudeste Asiático (Asean), em vigor desde o início deste ano. EFE