HONG KONG/PEQUIM (Reuters) - Autoridades chinesas prometeram nesta quarta-feira que o crescimento econômico ainda é uma prioridade e que vão continuar com as reformas, em uma aparente tentativa de aliviar temores de que a ideologia possa tomar o lugar, conforme Xi Jinping inicia um novo mandato na liderança e as restrições rígidas contra a Covid-19 exigem cada vez mais da segunda maior economia do mundo.
Os lockdowns renovados do coronavírus estão pesando fortemente na atividade comercial da China, na confiança do consumidor e nos mercados financeiros chineses, somando-se à queda acentuada na economia global devido ao aumento da inflação e das taxas de juros.
Xi garantiu um terceiro mandato como secretário-geral no congresso que acontece duas vezes a cada dez anos do Partido Comunista no mês passado, quando estimulou o partido a se preparar para as dificuldades e fortalecer a segurança nacional, e renovou seu apoio à política de Covid-zero, apesar da economia fragilizada.
Em entrevistas gravadas previamente para a Cúpula de Investimentos de Líderes Financeiros Globais em Hong Kong, autoridades de alto escalão do banco central da China, reguladores de valores mobiliários e bancários do país garantiram à sua audiência por meio de uma transmissão em vídeo que a China manteria seus mercados imobiliário e de câmbio estáveis e permaneceria comprometida em uma estratégia econômica pró-crescimento.
"Os investidores internacionais devem ler com mais atenção o relatório de trabalho que o presidente Xi entregou" no congresso, disse Fang Xinghai, vice-presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC).
"Lá, ele enfatizou novamente a centralidade do crescimento econômico em todo o trabalho do Partido e do país, e isso é muito significativo", mostrando que a China está totalmente focada no crescimento, disse ele.
Fang também criticou a cobertura da mídia internacional, dizendo que muitas reportagens "realmente não entendem a China muito bem" e possuem um foco de curto prazo.
Yi Gang, presidente do Banco do Povo da China, disse que a China continuará desregulamentando seus mercados.
"A reforma e a política de ‘portas abertas’ continuarão", disse Yi.
Separadamente, em um livro intitulado "Uma leitura suplementar do relatório do 20º Congresso do Partido Comunista" e citado pela mídia local na quarta-feira, Yi disse que a China está em posição de manter uma política monetária "normal" e taxas de juros "positivas".
(Reportagem das redações de Hong Kong, Xangai, Pequim e Bengaluru)