Omer Redi.
Adis-Abeba, 23 mai (EFE).- Os principais partidos de oposição
etíopes denunciaram hoje, durante este domingo de eleições de alta
participação da população, que ocorreram sérias irregularidades
durante o processo.
Embora a maior parte dos colégios eleitorais de Adis-Abeba não
tenha registrado incidente, o principal partido opositor, Fórum pela
Democracia e pelo Diálogo (Medrek), assegura a ocorrência de
infrações à lei eleitoral "por parte dos agentes do partido
governamental".
"Os agentes ficam nos arredores dos colégios eleitorais, em
grupos, e dizem às pessoas que chegam que devem marcar o símbolo do
partido governamental", afirmou Getahun Esatu, um dos observadores
de Medrek em um posto de Adis-Abeba.
Apesar dos incidentes denunciados pela oposição, a maior parte
dos locais de votação registrou hoje uma presença superior a 60% dos
eleitores quando tinha transcorrido a metade do horário de votação,
e dados da Comissão Eleitoral revelam uma participação superior a
75%.
Já os candidatos de Medrek asseguram que, no leste da Etiópia, um
eleitor foi detido ao se negar a votar no partido governamental, a
Frente Revolucionária Democrática do Povo Etíope (EPRDF), enquanto
no norte do país, o pouco espaço nas zonas eleitorais facilita a
intimidação.
"É tudo tão apertado que qualquer que seja o posto eleitoral é
possível saber em quem vota cada eleitor", disse Aregash Adane, a
candidata do Medrek e a principal opositora do atual
primeiro-ministro, Meles Zanawi.
O Governo e os oficiais da Comissão Eleitoral Nacional da Etiópia
asseguram que o pleito está fluindo bem, sem incidentes graças ao
importante aumento de mesas eleitorais, por isso que os eleitores
não tiveram de fazer longas filas.
O partido governamental nega o registro de irregularidades. "É
totalmente mentirosa essa acusação", disse à Agência Efe o porta-voz
do Governo, Bereke Simon. "As eleições estão transcorrendo de forma
pacífica", asseverou.
Já o chefe da missão de observadores da União Europeia, Thijs
Berman, disse ter recebido queixas dos membros da oposição. "Estão
chegando algumas queixas, mas não posso dizer se têm fundamento ou
não", assinalou.
Embora os diferentes grupos discordem sobre a lisura do processo
eleitoral, o Governo e a oposição estão de acordo em que hoje não
ocorreu nenhum incidente violento e que o pleito está sendo
pacífico.
"Foi um domingo pacífico", confirmou o chefe da missão da UE.
Cerca de 32 milhões dos 80 milhões de etíopes estão registrados
para votar nas eleições gerais de hoje, nas quais a governamental
EPRDF, liderada pelo primeiro-ministro do país, Meles Zenawi, é o
favorito a vencer o pleito.
Desde que Zenawi ganhou por uma pequena margem as eleições de
2005, após as que se produziram confrontos violentos nos quais
morreram 200 pessoas e outras 30 mil foram detidas, a oposição acusa
ao Governo de reprimir os dissidentes e de impor obstáculos às
campanhas dos partidos opositores.
Apesar da repressão, Zenawi obteve uma boa imagem internacional e
o apoio dos EUA e do Reino Unido, além de outros países europeus, e
também um amplo respaldo interno, conquistado, em boa parte, pelo
desenvolvimento econômico que a Etiópia vem tendo nos últimos anos.
EFE