Bruxelas, 10 nov (EFE).- A Comissão Europeia advertiu nesta quinta-feira que a Europa está prestes a sofrer uma nova recessão por causa da estagnação da economia na União Europeia e na zona do euro e a falta de confiança dos mercados pela crise da dívida, se não acontecer uma solução para estes problemas.
"As previsões infelizmente são sombrias. A recuperação econômica se deteve e há um risco de uma nova recessão a menos que sejam tomadas as medidas de forma determinante", afirmou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, na apresentação do relatório das previsões econômicas de outono do Executivo comunitário.
Marco Buti, diretor-geral de Assuntos Econômicos e Monetários, considera que não pode ser descartada "uma recessão profunda e longa acompanhada de contínuas turbulências nos mercados", embora considere que de acordo com os números que a Comissão Europeia apresenta para os próximos anos não é prevista uma recessão.
A Comissão Europeia prevê que a zona do euro feche este ano com um crescimento do PIB de 1,5% e a União Europeia com 1,6%, mas para 2012 imagina um pequeno avanço de 0,5% e 0,6%, respectivamente.
Em 2013, os países do euro e da União Europeia registrarão crescimentos maiores, de 1,3% e 1,5%, respectivamente. Entretanto, se for analisada a evolução trimestral, a Europa está à beira de uma nova recessão.
Haverá uma estagnação do PIB da UE no último trimestre de 2011 e nos próximos trimestres até a segunda metade de 2012. Assim, a atividade econômica da zona do euro cairá 0,1% no último trimestre e não avançará no próximo, enquanto no conjunto da União Europeia o crescimento é nulo neste trimestre e de apenas 0,1% no seguinte.
Os dados também revelam que dois dos três países resgatados, Grécia e Portugal, mais a Itália, a última grande preocupação da UE e dos mercados, cairão em recessão a partir deste trimestre.
A Grécia ficará em recessão até o quarto trimestre de 2012 e Portugal até o terceiro. A Itália sofrerá uma contração neste trimestre de 0,2% e 0,1% no primeiro trimestre do próximo ano. Chipre e Luxemburgo também devem entrar em recessão.
A Espanha está na zona de perigo, porque a Comissão prevê que o crescimento teria uma contração de 0,1% no último trimestre do ano e se manteria estagnado no terceiro, o que pode indicar uma possível entrada em recessão.
A Alemanha também deve ser afetada pela crise, pois terá uma desaceleração de 2,9% em 2011 a 0,8% em 2012, enquanto a França, que está em uma situação similar a da Espanha com relação a evolução trimestral, sofrerá um retrocesso de 1,6% a 0,6%.
"A chave para a recuperação do crescimento e a criação de emprego é restaurar a confiança na sustentabilidade financeira e no sistema financeiro e a aceleração de reformas para impulsionar o potencial de crescimento da Europa", afirmou Rehn, que pediu a implementação do plano global anticrise aprovado pela eurozona e UE em outubro.
As notícias também não são boas para o mercado de trabalho. A criação de emprego vai se estagnar em 2012 e a prevista recuperação do crescimento no segundo semestre é moderada. A taxa do desemprego se manterá nos próximos dois anos em 10% na eurozona e em 9,8% e 9,6% na UE.
Com relação a saúde das finanças públicas, o déficit da UE crescerá a 4,7% e da zona do euro a 4,1% do PIB em 2011. Em 2012, descerá a 3,9% na UE e a 3,4% na zona do euro.
A dívida pública subirá na União Europeia 84,9% no próximo ano, e se estabilizará em 2013. Na zona do euro passará de 88% a 90,4% em 2012 e a 90,9% no ano seguinte. A inflação passará de 2,6% este ano a 1,7% em 2012 na zona do euro e de 3% a 2% na UE. EFE