Londres, 25 mai (EFE).- A redução do déficit e o crescimento
econômico são assuntos prioritários do programa legislativo do novo
Governo de coalizão do Reino Unido, baseado nos princípios de
"liberdade, justiça e responsabilidade".
A afirmação foi feita hoje pela rainha Elizabeth II da Inglaterra
ao apresentar o plano da coalizão de conservadores e
liberaldemocratas para o próximo exercício parlamentar na Câmara dos
Lordes.
Com toda a pompa que a tradição exige, a soberana leu no trono
dos Lordes os 22 projetos de lei que o Governo surgido das eleições
gerais do dia 6 de maio preparou.
"O programa legislativo do meu Governo será baseado nos
princípios de liberdade, justiça e responsabilidade. A principal
prioridade é reduzir o déficit e restabelecer o crescimento
econômico", disse a rainha assim que começou a enumerar os projetos.
Não houve surpresas no conteúdo do discurso lido por Elizabeth II
que antes enviou um emissário para que os "comuns" (deputados)
comparecessem perante ela na Câmara dos Lordes.
Esta é a 56ª vez que Elizabeth II inaugura uma nova sessão do
Parlamento durante seu reinado.
Como os políticos já entraram em acordo sobre as bases da
coalizão, os planos para introduzir a carteira de identidade serão
suprimidos no chamado projeto de lei de Liberdade, enquanto o uso
das câmaras de circuito fechado de segurança será mais regulado.
Apesar desta regulação, o Governo promete assegurar que as
medidas destinadas a manter a segurança frente a possíveis ataques
terroristas contam com "um equilíbrio" entre a proteção da população
e a defesa das liberdades civis.
A retenção pela Polícia dos dados do DNA das pessoas presas
também será regulada.
O programa, que abrange o período até o fim de 2011, será
submetido a debate nos próximos dias nos Comuns e também promete
fixar um limite anual para a entrada de imigrantes não-comunitários
e criar uma força policial de controle fronteiriço.
Entre outras coisas, as Prefeituras e as forças da ordem terão
maiores poderes na hora de fechar clubes e bares nos quais haja
distúrbios recorrentes entre seus clientes.
Em matéria constitucional, a coalizão promete a convocação de um
plebiscito sobre a reforma do sistema eleitoral de maioria simples
por um alternativo, assim como o estabelecimento de períodos
governamentais fixos de cinco anos.
Hoje o primeiro-ministro tem o poder de convocar eleições gerais
a qualquer momento, quando as considere oportunas, embora não deva
superar os cincos anos.
Caso esta proposta prospere nos Comuns, as próximas eleições
deverão ser realizadas no dia 7 de maio de 2015.
Para responder à polêmica gerada pelos abusos dos deputados sobre
os benefícios que desfrutavam, o novo Governo quer que os eleitores
de uma determinada circunscrição - cerca de 10% - possam depor seu
parlamentar se o considerarem um político corrupto, embora antes
tenham que assinar um pedido.
Há, além disso, planos para reduzir o número de deputados na
Câmara dos Comuns (650), segundo o programa do próximo curso
parlamentar, que abrange desta vez mais do que os tradicionais 12
meses - vai até o outono de 2011 - devido às eleições recentes.
Antes que a rainha lesse o programa, o vice-primeiro-ministro
britânico, o liberaldemocrata Nick Clegg, afirmou à "BBC" que o
objetivo do novo Governo é dar ao povo "mais controle sobre suas
escolas, hospitais, Polícia, sobre seus políticos".
A rainha, acompanhada por seu marido, o duque de Edimburgo, leu o
programa em uma câmara alta abarrotada, onde lordes, deputados e
convidados, entre eles juízes e embaixadores, acompanharam o
discurso.
Como é tradição, Elizabeth II, que foi ao Parlamento em uma
carruagem, estava vestida de branco e usava a coroa imperial,
enquanto os lordes, apesar do intenso calor hoje em Londres, usavam
suas camadas de arminho e os comuns usavam terno. EFE