Frankfurt (Alemanha), 6 mai (EFE).- A crise da Grécia e a falta
de novas medidas por parte do Banco Central Europeu (BCE) para
enfrentar a situação de risco criada na zona do euro provocaram hoje
novas quedas nas principais bolsas de valores europeias.
A baixa na bolsa de Madri foi de 2,93%, a quinta maior do ano,
enquanto em Milão foi de 4,26%, Londres de 1,52%, Frankfurt de 0,84%
e Paris de 2,2%. Em Lisboa, a queda foi de 2,6%.
A queda de 4,26% da Bolsa de Milão, que encerrou o pregão aos
19.483,93 pontos, foi motivada pelo temor de contágio da crise grega
e por causa da revisão para baixo de 0,1% da previsão de crescimento
econômico da Itália feita pelo Governo.
O euro, por sua vez, manteve tendência de queda frente ao dólar
no mercado de divisas de Frankfurt, fechando cotado a US$ 1,2694, o
nível mais baixo dos últimos 14 meses.
A cotação da moeda europeia, que decolou em muitos mercados,
acabou caindo após o discurso do presidente do Banco Central Europeu
(BCE), Jean-Claude Trichet, no final da reunião do conselho da
instituição.
Trichet argumentou a decisão anunciada previamente pelo conselho
de manter inalteradas as taxas de juros em 1% para impulsionar o
crescimento na zona do euro, fez uma defesa do euro sem comentar seu
atual enfraquecimento. Ele negou que a crise da Grécia tenha um
efeito de contágio.
No discurso de Trichet, no entanto, faltaram as declarações
"claras e decisivas" esperadas pelos mercados, nos quais os temores
se misturam com rumores e ações especulativas, conforme ressaltaram
os analistas.
Trichet justificou a decisão do BCE de comprar bônus de dívida
grega independentemente de sua qualidade, que atualmente está no
nível "lixo" nas agências de medição de risco. Ele defendeu que
"todos os países da zona do euro" reajustem suas políticas fiscais e
reduzam o déficit público.
O desencontro de Trichet com os mercados foi imediato e as bolsas
europeias iniciaram a queda livre, em efeito contrário ao que o
presidente do BCE quis evitar. Sua intenção foi assegurar que não há
risco de contágio porque "Espanha e Portugal (países na mira dos
especuladores) não são a Grécia". EFE