Redação Central, 23 fev (EFE).- O petróleo atingiu nesta quarta-feira seu maior preço desde 2008 como consequência da crise na Líbia, enquanto as bolsas de valores registraram certa calma, embora tenham mantido a tendência de baixa dos últimos dias.
A crise na Líbia, com a continuidade das revoltas populares que tiveram início em 17 de fevereiro e com a violenta repressão exercida pelo regime de Muammar Kadafi, provocou nesta quarta-feira uma nova alta do preço do petróleo.
O barril de petróleo Brent chegou a superar US$ 110 durante o pregão de quarta-feira no mercado de Londres, o que representa um aumento de 4% em relação ao de terça-feira e o maior desde agosto de 2008.
Por sua vez, o Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve) também ultrapassou a barreira de US$ 100 com uma alta de 4,7% durante o pregão na Bolsa Mercantil de Nova York.
Os mercados mantêm a tensão diante da possibilidade de as revoltas da Líbia se estenderem a outros países produtores, o que pode afetar as provisões de petróleo e gás, sobretudo na Europa.
No entanto, a Líbia representa apenas 2% da produção mundial segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e é o nono principal produtor com 1,57 milhão de barris diários.
Neste sentido, vários analistas consultados pela Agência Efe ressaltaram que o preço do petróleo tem aumentado pelo medo de que a Opep não possa substituir a produção da Líbia e acrescentaram que, se as tensões continuarem, o preço do petróleo poderia alcançar US$ 130.
O analista da Intermoney Valores Álvaro Navarro afirmou que não acredita que o regime de Kadafi decidirá nacionalizar os recursos petrolíferos da Líbia em resposta às penas internacionais e às ameaças de futuras sanções ao regime de seu país pela violenta repressão exercida sobre os manifestantes.
Navarro acrescentou que uma mudança de regime na Líbia traria consigo uma revisão dos contratos assinados pelas petrolíferas com o Governo.
A situação no país norte-africano também provocou a alta da onça de ouro, que fechou no mercado de futuros de Londres com um preço de US$ 1.409,25, o que representa um aumento de 0,58% em relação ao pregão anterior.
Segundo os analistas, como consequência da crescente violência na Líbia, o preço da onça de ouro se aproximou do máximo registrado em dezembro de 2010, quando superou os US$ 1.431.
No entanto, os preços de outros metais como o alumínio e o cobre caíram nesta quarta-feira, enquanto o euro subiu e era negociado a US$ 1,3765.
As tensões no Oriente Médio e a alta do preço do petróleo contribuíram mais uma vez para as quedas nas praças internacionais.
A bolsa espanhola, que caiu quase 4% ao longo da semana, registrou nesta quarta-feira uma queda de 0,64%, enquanto na segunda-feira retrocedeu mais de 2%.
Já a Bolsa de Milão também fechou nesta quarta-feira em baixa e seu índice, o FTSE MIB, caiu 0,29%, enquanto a de Paris retrocedeu 0,92%.
Entre os índices que mais caíram destacou-se o DAX 30 da Bolsa de Frankfurt, que fechou com uma queda de 1,69%, enquanto o mercado de Londres caiu 1,22%.
A Bolsa de Nova York voltou a abrir em queda nesta quarta-feira.
No entanto, alguns analistas explicaram que a revolta da Líbia não foi a única causa da queda nas bolsas internacionais ao ressaltarem que uma possível alta das taxas de juros também contribuiu. EFE