Montevidéu, 26 set (EFE).- Uma delegação do Governo do Uruguai visitará o Brasil nesta terça-feira para assegurar a venda de automóveis uruguaios ao país, em risco pelas novas tarifas nacionais à importação de veículos, inclusive os do Mercosul.
A missão, convidada pelo Governo brasileiro, foi apresentada pelo ministro da Indústria uruguaio, Roberto Kreimerman, em entrevista coletiva realizada no final da reunião semanal do Conselho de Ministros.
O objetivo do Uruguai é garantir que os automóveis de fabricação uruguaia tenham um tratamento tributário similar aos produzidos no Brasil.
Kreimerman afirmou que "não há conflito" e que a troca comercial entre ambos países "continua sendo muito frutífera".
Além disso realçou que ao Uruguai lhe interessa que seu sócio "continue crescendo, porque é uma grande locomotiva".
A delegação uruguaia será formada pelo subsecretário de Economia, Luis Porto, o titular da Direção Nacional de Indústrias, Sebastián Torres, e o diretor-geral para Assuntos de Integração e Mercosul do Ministério das Relações Exteriores, Álvaro Ons.
O ministro da Indústria lembrou que a troca comercial entre ambos países, em termos anuais, representa US$ 3 bilhões.
Além disso, atualmente as exportações uruguaias ao Brasil rondam US$ 1,45 bilhão, enquanto antes da formação do bloco regional em 1991 quase não chegava a US$ 180 milhões.
Há dez dias o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou uma alta de 30% nos impostos aplicados aos veículos importados de fora do Mercosul e aos procedentes deste bloco comercial que não cumpram uma série de requisitos.
A medida engloba automóveis, tratores, ônibus, caminhões e veículos comerciais ligeiros e será aplicada até o dia 31 de dezembro de 2012.
Para evitar a alta tributária, os produtores radicados em um país do Mercosul terão que utilizar um mínimo de 65% de peças produzidas no bloco, entre outras condições.
O Brasil, que dá um prazo de 60 dias às empresas para se adequarem ao novo cenário, é o quinto maior mercado mundial de automóveis e o sétimo produtor.
A decisão gerou inquietação no setor automotivo uruguaio, que anualmente exporta ao país 15 mil veículos por um valor global de US$ 150 milhões e dá emprego direto a mil pessoas.
Uma das empresas afetadas, a Effa Motors, de capital chinês, anunciou na quinta-feira passada o fechamento temporário de sua fábrica no departamento de San José.
O presidente do Uruguai, José Mujica, considerou na sexta-feira que "a não-diferenciação das políticas para com os sócios menores (do Mercosul) tende a desvirtuar o papel da integração".
Uma medida desse tipo "cria evidências a favor daqueles que pensam que o melhor é que continuemos atomizados", acrescentou Mujica.
Antes do pronunciamento do presidente uruguaio, aconteceu uma reunião em Nova York dos chanceleres Luis Almagro e Antonio Patriota no marco da Assembleia Geral da ONU para tratar a questão. EFE