Por Brian Ellsworth e Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) - A oposição venezuelana alertou neste domingo que o governo do presidente Nicolás Maduro pode lançar uma repressão política após acusar adversários de uma tentativa de assassinato do mandatário em um ataque com um drone carregado com explosivos.
A televisão estatal mostrou na noite de sábado o líder socialista em um aparente susto após o que pareceu ser uma explosão enquanto ele discursava no centro de Caracas. Segundos depois, as imagens foram cortadas para centenas de soldados correndo freneticamente e saindo de sua formação.
Críticos da oposição dizem que o governo já utilizou incidentes como esse no passado como pretexto para ações mais duras contra opositores, incluindo a prisão e alguns de seus principais líderes e o veto a que outros ocupassem cargos.
"Nós alertamos que o governo está aproveitando esse incidente...para criminalizar aqueles que legitimamente e democraticamente se opõe a ele, aprofundar a repressão e as violações aos direitos humanos", escreveu a coalizão oposicionista Frente Ampla em um comunicado no Twitter.
Um pequeno grupo chamado de "Movimento Nacional de Soldados de Camisetas" disse ter sido responsável pelo ataque.
Críticos da oposição frequentemente apontam esses incidentes como montagens do governo para tirar a atenção de problemas como a hiperinflação e a falta de produtos e dizem que Maduro frequentemente exagera ao falar de ameaças de segurança para ter ganhos políticos.
Leopoldo Lopez, por exemplo, ex-prefeito do distrito de Chacao, em Caracas, está em prisão domiciliar por seu papel em protestos que tomaram as ruas em 2014, que Maduro descreveu como uma tentativa de golpe, mas que adversários insistem que eram apenas fruto da liberdade de expressão.
O país, que faz parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), está em meio a um colapso de seu antes próspero sistema socialista, com milhões de pessoas lutando para encontrar comida ou remédios, o que gera uma enorme imigração.
Maduro, que frequentemente culpa uma "guerra econômica" liderada por adversários pelos problemas do país, frequentemente anunciou ter descoberto planos contra ele que alega terem sido apoiados por Washington.
"Eles tentaram me matar hoje, e não tenho dúvida de que tudo aponta para a direita, a extrema-direita venezuelana", disse Maduro em um discurso transmitido após o incidente, referindo-se à oposição. "Punição máxima! E não haverá perdão", adicionou.
O assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, disse à Fox News em entrevista neste domingo que os Estados Unidos não estão envolvidos no episódio.