Brasília, 6 jun (EFE).- A presidente Dilma Rousseff e o chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, mantiveram nesta segunda-feira uma reunião de trabalho em Brasília e fecharam um acordo para estimular a integração regional e abrir novos pontos de negócios bilaterais.
Dilma reforçou a parceria entre Brasil e Venezuela na integração entre os países da América do Sul "pela criação de uma cooperação harmoniosa, de um mundo democrático e respeitoso com relação aos direitos humanos".
O líder venezuelano afirmou que, assim como fizeram com o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, ambos os países continuarão trabalhando juntos para "consolidar à América Latina como uma área de paz e uma futura região sem miséria e com justiça social".
Chávez convidou Dilma para "fortalecerem juntos a equação da estratégia social, política, econômica e agroalimentar" regional e afirmou que a América Latina "não pode perder nenhum dia" no trabalho pela integração, porque "o mundo e suas loucuras caminham muito rápido".
O presidente da Venezuela disse, com o assentimento de Dilma, que na América do Sul "está sendo criado um novo modelo de cooperação" e de comércio oposto ao neoliberalismo, enquanto algumas partes do mundo são "invadidas pela fome, a miséria e as guerras".
Durante a visita de Chávez, foram assinados dez acordos bilaterais nas áreas de agricultura, infraestrutura e cooperação técnica, entre outras.
Um assunto que ficou pendente foi a participação da estatal venezuelana PDVSA na refinaria Abreu e Lima, que já começou a ser construída sozinha pela Petrobras, apesar de ter nascido de um projeto binacional.
Chávez explicou em uma rápida entrevista coletiva após o encontro que ainda existem alguns inconvenientes sobre as garantias que a PDVSA deve apresentar ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financia boa parte das obras.
Sem muitos detalhes, o presidente venezuelano indicou que seu Governo está estudando alternativas para superar esses problemas antes de agosto, mês que a Petrobras estabeleceu como prazo para que a PDVSA garanta sua participação no projeto, cujo custo é de US$ 16,25 bilhões.
Outro assunto pendente, e que Chávez pediu a seus ministros que o negociem antes de sua próxima reunião com Dilma, que possivelmente será em Caracas, em setembro, é a possível compra de 20 aviões E-190 da Embraer pela companhia aérea venezuelana Conviasa.
O E-190 é um avião a jato com capacidade para 100 passageiros, que na opinião do presidente venezuelano é ideal para voos regionais, que podem ligar seu país ao Caribe, ao norte do Brasil e a outras regiões da América do Sul a fim de proporcionar um novo dinamismo aos negócios.
Em tom de elogio, Chávez disse que Dilma "roubou seu coração" no dia em que a conheceu e pediu desculpas por ter tido que adiar sua visita de maio, quando não pôde viajar devido a uma lesão no joelho esquerdo, da qual ainda não está totalmente curado.
De fato, durante sua estadia em Brasília, Chávez andou de bengala e pediu "desculpas" aos jornalistas.
"Perdão por esta apresentação, mas é que estão vendo um Chávez velho", disse ao chegar ao Palácio do Planalto.
Sua última atividade na capital foi uma entrevista com o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e depois seguiu rumo a Quito, onde nesta terça-feira terá uma reunião de trabalho com o presidente Rafael Correa. Após sua passagem pelo Equador, fará uma escala em Cuba, tal como tinha previsto em maio, quando a inflamação no joelho o obrigou a suspender a viagem. EFE