Dólar cai em dia de ajustes e expectativa de negociação entre Brasil e EUA

Publicado 29.07.2025, 17:09
Atualizado 29.07.2025, 17:50
© Reuters. Nota de dólarn01/06/2017.     REUTERS/Thomas White/Illustration

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após avanços nos pregões recentes, o dólar passou nesta terça-feira por um ajuste de baixa ante o real, amparado pela esperança de que o governo Lula possa obter algum avanço nas negociações comerciais com os Estados Unidos, a poucos dias do início do tarifaço sobre os produtos brasileiros.

O dólar à vista fechou o dia com baixa de 0,43%, aos R$5,5686. No ano, a divisa acumula queda de 9,88%.

Às 17h04, na B3 (BVMF:B3SA3) o dólar para agosto -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,35%, aos R$5,5740.

Desde o anúncio pelos EUA da tarifa de 50% para os produtos brasileiros, em 9 de julho, o dólar à vista havia subido 15 centavos de real até a sessão da véspera, o que deixava margem para ajustes nesta terça-feira.

“Acredito que o movimento hoje é mais uma correção, além da expectativa de algum avanço nas negociações com os Estados Unidos, ainda que até o momento não tenhamos nenhum sinal concreto de acordo”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.

A poucos dias do início da cobrança da tarifa pelos EUA, na próxima sexta-feira, a sessão desta terça foi no geral positiva para os ativos brasileiros, em meio à esperança de que o governo Lula consiga negociar algum tipo de isenção ou redução de tarifa.

Em uma das frentes, o Brasil pediu aos Estados Unidos para excluir os setores de alimentos e a fabricante de aeronaves Embraer (BVMF:EMBR3) da tarifa de 50%, confirmou à Reuters uma fonte brasileira envolvida nas negociações.

Do lado dos Estados Unidos, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que recursos naturais que não são cultivados no território norte-americano, incluindo café e cacau, podem ser isentos de tarifas de importação quando acordos comerciais com países produtores forem firmados.

Embora Lutnick não tenha comentado especificamente a situação de produtos vindos de países sem um acordo com os EUA, como o Brasil, a fala contribuiu para a avaliação, entre alguns profissionais, de que pode haver brechas para negociação.

Neste cenário, após atingir a cotação máxima do pregão de R$5,6048 (+0,22%) às 9h02, na abertura da sessão, o dólar à vista caiu à mínima de R$5,5593 (-0,59%) às 13h15.

O recuo da moeda norte-americana ocorreu a despeito de, no exterior, o dólar estar em alta ante boa parte das demais divisas, incluindo pares do real como a lira turca e o peso chileno. Às 17h19, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,29%, a 98,900.

Apesar da expectativa no mercado de que o Brasil possa destravar alguns canais de negociação com os EUA, os ministros do governo Lula seguiram cautelosos.

Durante a tarde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os canais com os EUA estão sendo desobstruídos “vagarosamente, mas estão”. Ele também repetiu que entre as possíveis medidas a serem adotadas pelo governo brasileiro está o socorro a empresas afetadas pelo tarifaço.

Já a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que os EUA não querem negociar com o Brasil agora e que o governo vai esperar o prazo final de 1º de agosto com medidas prontas.

Até lá, as atenções também estarão voltadas ao Federal Reserve e ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decidem na quarta-feira sobre as taxas de juros nos EUA e no Brasil.

Profissionais ouvidos pela Reuters têm pontuado que, embora a expectativa seja de manutenção dos juros nos atuais níveis em ambos os países, o Fed pode sinalizar o início do processo de cortes para breve, enquanto o BC tende a adotar uma postura mais conservadora, diante das incertezas do cenário.

Na prática, isso significa que o Brasil seguirá com um diferencial de juros atrativo ao capital externo -- fator que tem contribuído para o dólar seguir abaixo dos R$5,60 apesar do tarifaço de Trump.

“Estamos com diferencial de juros grande, porque a curva futura dos EUA fechou bastante. Se não fosse o diferencial de juros tão grande, o dólar poderia subir para além dos R$6,00 com o tarifaço”, pontuou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

Pela manhã, o Banco Central vendeu US$1 bilhão em leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), para rolagem do vencimento de agosto.

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