Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía ligeiramente frente ao real nesta quinta-feira, acompanhando movimento visto no exterior em meio à redução de temores sobre o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve.
Às 9:34 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,12%, a 4,8118 reais na venda., depois de na véspera já ter fechado o dia cotado a 4,8174 reais na venda, baixa de 0,92%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 9:34 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,16%, a 4,8275 reais.
"O apetite por risco continua a crescer nos mercados globais, com a alta das bolsas de valores e uma nova rodada de queda nos rendimentos dos treasuries dos EUA e do dólar", disse a Genial Investimentos em nota a clientes.
"Os temores de uma alta prolongada nas taxas de juros (nos EUA), que poderia levar a uma recessão, estão diminuindo."
Um relatório da véspera mostrou que o núcleo da inflação norte-americana ficou em 0,2% em junho, ante expectativa do mercado de 0,3%. O dado principal anual caiu para 3%, depois que atingiu um pico de 9,6% no ano anterior.
Nesse contexto, os futuros das taxa de juros dos EUA mostravam que os mercados precificavam totalmente outro aumento de taxa de 0,25 ponto percentual pelo Fed no final deste mês, mas as expectativas de novos aumentos diminuíram.
O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía cerca de 0,2% nesta manhã.
No Brasil, a taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que apoiou o real no primeiro semestre, uma vez que torna a rentabilidade do mercado de renda fixa brasileiro mais atraente para investidores estrangeiros.
No entanto, um recente cenário de arrefecimento da inflação deve levar o Banco Central a cortar os juros já em sua reunião de agosto.
"Se por um lado a gente perde em termos de entrada em renda fixa, principalmente nos títulos públicos, pode haver alguma recomposição disso em termos de (ingresso de recursos na) renda variável" após eventual corte da Selic, explicou à Reuters nesta semana Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
"Então você tem ali meio que um jogo que ele é quase um 'net zero'; só não diria que ele é um 'net zero' porque o cenário internacional vai acabar prejudicando a gente um pouquinho a mais", acrescentou ele, referindo-se à perspectiva de que os bancos centrais de Europa e Estados Unidos ainda têm trabalho a fazer no aperto da política monetária.
Além disso, a tendência é o real "perder um pouco de tração agora nesse segundo semestre, porque a gente perde um pouco do componente sazonal da balança comercial, que geralmente ajuda a gente no meio do ano", completou Pizzani.