Investing.com – Após um anúncio de corte nos juros americanos em 0,25 ponto percentual, conforme esperado pelo mercado, analistas detalham as principais mudanças entre a reunião passada, em setembro, e a decisão desta quinta-feira, 07 de novembro.
Enquanto a percepção de alguns analistas é de que a autoridade monetária americana teria sinalizado maior flexibilidade com a meta de inflação nos Estados Unidos, outros destacam que o ritmo menos agressivo de cortes contou com uma decisão unânime.
Após o encontro, jornalistas questionaram o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre os impactos das eleições na política monetária, ao lembrar que as estratégias indicadas pelo republicano Donald Trump, como cortes de impostos e taxas para produtos importados, têm sido vistas como inflacionárias e deficitárias.
Confiança na trajetória em foco
Ao tratar da remoção da afirmação no comunicado de que o Fomc estaria ganhando “maior confiança” no processo de desinflação, o Janus Henderson entende que a alteração no comunicado pode indicar um otimismo mais cauteloso ou moderado para que a inflação siga em direção à meta de 2%.
“Embora se reconheça o avanço, a remoção da frase pode indicar que o comitê quer evitar sinalizar uma posição excessivamente confiante em relação à inflação, especialmente no contexto de uma trajetória fiscal incerta”, argumenta o líder do grupo global de ativos de curta duração e liquidez da Janus Henderson, Daniel Siluk, indicando que a omissão ainda levaria a crer que a confiança do Fed de que a inflação cai de forma sustentável teria sido reduzida.
Decisão foi unânime – a de setembro não
Todos os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) votaram a favor da decisão. No entanto, na reunião passada, em setembro, a decisão não foi unânime, pois Michelle W. Bowman havia votado por um corte de 0,25 ponto percentual.
“No comunicado que acompanha a decisão, destacamos para o ritmo menos agressivo do corte nas taxas e para a decisão unânime, diferindo da votação anterior com dissidências”, disse José Maria Correia, coordenador de estratégia e alocação da Avenue.
Calibragem no corte – menor do que o de setembro
O Fed optou por reduzir os juros em um ritmo menor do que o escolhido em setembro, quando a diminuição foi de meio ponto. O colegiado e o chairman do Fed reforçaram a dependência de dados para a definição das taxas de juros na decisão de dezembro. Questionado sobre a possibilidade de que não houvesse cortes no mês que vem, Powell disse que o momento é de calibragem e de que a política seguirá na direção de maior neutralidade, mas preferiu continuar sem nenhum guidance.
“Essas alterações são consistentes com cortes de juros não-consecutivos em 2025, mas elas também seriam consistentes com uma pausa no ciclo de cortes”, aponta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
Riscos balanceados
Com duplo mandato, o Fed precisa estar atento à estabilidade de preços com o menor desemprego possível. Na reunião passada, o Fomc havia dito que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estariam aproximadamente em equilíbrio.
“Desta vez, no entanto, afirmaram que os membros consideram que o balanço de riscos para atingir seu duplo mandato estejam razoavelmente balanceados. Destacaram também que o cenário econômico está incerto”, ressaltou Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Efeito Trump em foco - Trump desconversa
Na coletiva de imprensa, Powell não quis especular sobre eventuais impactos de políticas desenhadas para Donald Trump e afirmou que, no curto prazo, as eleições não terão efeitos nas decisões de política monetária.
“Mostraram-se relutantes em discutir o efeito Trump, mas eis o risco: um crescimento ligeiramente mais firme com mais pressões inflacionistas. E isso pode levar a uma narrativa de corte de taxas menos agressiva”, reforça James Knightley, economista-chefe, e Chris Turner, estrategista do ING.