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Dólar apaga ganhos frente ao real na semana após dados dos EUA e fala conciliadora de Lula

Publicado 06.01.2023, 09:14
Atualizado 06.01.2023, 12:01
© Reuters. REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar engatava nova queda acentuada frente ao real nesta sexta-feira, após dados de emprego norte-americanos amplamente em linha com o esperado e novos acenos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva aos mercados financeiros em sua primeira reunião ministerial nesta manhã, o que levou a moeda norte-americana a devolver quase todos os ganhos que acumulava na semana.

Por volta de 11h40 (de Brasília), o dólar à vista caía 1,35%, a 5,2803 reais na venda.

O movimento --que se seguia a queda 1,81% do dólar na última sessão, a 5,3527 reais, maior desvalorização percentual diária desde 20 de dezembro (-1,97%)-- deixava a moeda muito próxima do patamar de fechamento da semana passada, de 5,2779 reais, compensando o salto de mais de 3% registrado no acumulado dos dois primeiros dias úteis do novo governo.

"Estamos vendo esse desmonte parcial de posições compradas em dólar no começo do ano, e a reunião ministerial de hoje sem dúvida contribuiu para estender o alívio local já iniciado ontem", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Na fala de abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato, Lula disse nesta sexta-feira que o compromisso de seu governo é unificar o país, e não de acabar com as divergências, ao mesmo tempo que disse que sua terceira gestão na Presidência é formada por pessoas que pensam diferente.

VÍDEO: Lula discursa durante 1ª reunião ministerial do novo governo

Além disso, o presidente deixou claro a seus ministros que a relação com o Congresso é primordial para o governo dar certo.

Seu tom aparentemente mais conciliador veio depois que vários de seus ministros apaziguaram os mercados nesta semana com sinalizações de que o governo não alterará reformas estruturais e outras medidas de gestões anteriores.

"Me parece que a reação inicial do mercado (ao novo governo) foi exagerada, em um nítido movimento de cautela, mas que não se apoiou depois; acredito que o novo governo está 'tentando falar a língua do mercado', embora críticas sobre o teto de gastos acabem contribuindo para um certo ceticismo dos investidores", completou Bergallo.

© Reuters. REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

Colaborava para o enfraquecimento do dólar o cenário internacional, depois que o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou que a criação de vagas fora do setor agrícola do país totalizou 223 mil no mês passado, em linha com o esperado pelos mercados e abaixo do dado de novembro. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 200 mil postos de trabalho, com as estimativas variando de 130 mil a 350 mil.

"O mercado parece que escolhe o dado para ancorar a expectativa de um Fed (Federal Reserve) mais 'dovish' (menos rígido no combate à inflação", disse em publicação no Twitter Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter. No entanto, disse ela, "podemos ter surpresa caso a inflação se confirme mais persistente e caia de maneira mais lenta ao longo do ano."

Quanto mais agressivo é o Federal Reserve, o banco central dos EUA, em seu ciclo de altas de juros, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, à medida que investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa norte-americano.

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