Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com leve queda ante o real nesta segunda-feira, em um pregão de pouco oscilação, com o mercado tomando fôlego depois de duas sessões de grande volatilidade, quando refletiu com força o movimento global de aversão ao risco e as pesquisas eleitorais no Brasil.
A moeda norte-americana recuou 0,20 por cento, a 2,2239 reais na venda, após cair 1,35 por cento na sessão de sexta-feira e subir 1,64 por cento na quinta-feira.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1 bilhão de dólares, abaixo da média diária do mês passado, de 1,3 bilhão de dólares.
"De um lado, você tem a questão eleitoral e do outro, os problemas na Ucrânia. O resultado é que o mercado fica cauteloso, esperando a próxima notícia para se posicionar", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Na quinta-feira passada, a queda de um avião malaio no leste da Ucrânia aprofundou a crise entre separatistas pró-Moscou e Kiev, levando investidores a evitar risco e se refugiarem em ativos mais seguros, como aqueles denominados em dólares.
No Brasil, o impacto no câmbio das preocupações com a Ucrânia foi compensado pela pesquisa eleitoral Datafolha, que mostrou na semana passada empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato Aécio Neves (PSDB) num eventual segundo turno das eleições de outubro. Esse cenário foi reforçado pela pesquisa IstoÉ/Sensus divulgada no fim de semana.
Os mercados financeiros têm mostrado descontentamento com a condução da política econômica do governo de Dilma e reagido às pesquisas eleitorais.
"Nenhum desses dois grandes temas avançou muito hoje, então vimos um mercado mais vazio e de movimentos mais contidos", explicou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.
Com isso, a moeda dos EUA acomodou-se na banda informal de 2,20 a 2,25 reais, após fechar acima desse intervalo pela primeira vez desde o início de junho na semana passada. Boa parte do mercado acredita que esse intervalo agradaria ao Banco Central brasileiro por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações.
"É o que o mercado esperava e tem visto nos últimos meses: o dólar não vai se sustentar acima de 2,25 reais enquanto o BC continuar atuando como tem atuado", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Pela manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta total de 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, com volume correspondente a 198,7 milhões de dólares. Foram vendidos 3,5 mil contratos para 2 de fevereiro de 2015 e 500 para 1º de junho de 2015.
O BC também vendeu a oferta total de 7 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em agosto. Ao todo, o BC já rolou cerca de 44 por cento do lote total, que corresponde a 9,457 bilhões de dólares.