Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu 1 por cento e foi abaixo de 3,30 reais nesta quarta-feira, influenciado pelas notícias de que Renan Calheiros pode deixar a liderança do PMDB no Senado, abrindo mais caminho para a aprovação das reformas no Congresso Nacional em meio à intensa crise política que afeta o governo do presidente Michel Temer.
Ajudou ainda o comportamento da moeda norte-americana no exterior, em baixa ante divisas de outros países emergentes.
O dólar recuou 1,01 por cento, a 3,2849 reais na venda, mesmo nível de 19 de junho. Na mínima do dia, a moeda foi a 3,2829 reais.
O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,90 por cento no final da tarde.
"Notícias como essa (do Renan) vão acalmando o mercado, elevam as chances de as reformas serem aprovadas", afirmou o gerente de tesouraria do banco Confidence, Felipe Pellegrini.
Notícias veiculadas na imprensa informavam que Renan decidiu entregar a liderança do partido no Senado. Há tempos ele vinha causando desconforto ao governo e já chegou a afirmar que Temer não tinha "legitimidade" para propor reformas no momento em que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).
À tarde, também agradou a notícia de que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu enviar diretamente para a Câmara dos Deputados a denúncia contra Temer para que os parlamentares decidam se autorizam ou não o julgamento do recebimento da acusação criminal.
Assim que denunciou Temer na segunda-feira à noite, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido a concessão do prazo de 15 dias para que o presidente apresentasse a sua defesa prévia.
Temer foi denunciado por Janot pelo crime de corrupção passiva e ele pode fazer novas denúncias, já que o presidente também é investigado por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
Os investidores também passaram o dia sob a expectativa pela votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, considerada um teste de fogo para o governo depois que da derrotado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) na semana passada.
"Se o texto não passar na CCJ, será bastante negativo, mostrará a dificuldade do governo em agregar a base", afirmou mais cedo o sócio da assessoria de investimentos Criteria Investimentos, Vitor Miziara.
Apesar da queda agora, o mercado continuava cauteloso com a cena política doméstica, com o dólar não se afastando muito do patamar de 3,30 reais.
"É perigoso trabalhar vendido (apostando na queda da moeda norte-americana) com o cenário político atual", afirmou Pellegrine, do banco Confidence.
Ajudou ainda no movimento de queda do dólar o cenário externo. O dólar cedia uma cesta de moedas e ante moedas de países emergentes, como o peso mexicano e a lira turca, influenciado pelo fracasso dos republicanos em aprovar a reforma da saúde nos Estados Unidos, prejudicando ainda mais a crença nas promessas do presidente Donald Trump para sustentar o crescimento, e após dados fracos sobre a economia do país.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em julho. Com isso, já rolou 6,560 bilhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem.