Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de mais de 1 por cento nesta sexta-feira, com investidores usando o noticiário político como pretexto para ajustar suas posições, após a divisa superar durante a sessão 2,50 reais pela primeira vez desde o fim de 2008.
A moeda norte-americana caiu 1,2 por cento, a 2,4618 reais na venda, depois de alcançar 2,5078 reais na máxima da sessão e 2,4568 reais, na mínima. Na semana, o dólar subiu 1,9 por cento.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3,3 bilhões de dólares, bem acima da média diária do mês passado, de 1,5 bilhão de dólares.
"O mercado está comprado demais e sensível demais, o que não é uma boa posição técnica. Qualquer susto acaba fazendo um estrago", disse o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, acrescentando que, com as eleições, "a volatilidade não é mais a exceção, é a regra".
O avanço nas pesquisas eleitorais da presidente Dilma Rousseff (PT), criticada por sua política econômica por agentes dos mercados, puxou o dólar nas últimas semanas. Apenas em setembro, a moeda norte-americana avançou 9,33 por cento, maior alta mensal em três anos.
Nesta sessão, investidores aproveitaram para corrigir parte dessa alta, após a revista Veja publicar em sua página na Internet que o doleiro Alberto Youssef teria documentos provando o esquema de corrupção na Petrobras. Alguns operadores acreditavam que a matéria poderia prejudicar as chances de reeleição de Dilma, que mantém a liderança nas pesquisas de intenções de voto.
Essa onda de vendas tirou a divisa das máximas da sessão e colocou-a firmemente em território negativo. Mais cedo, a moeda norte-americana alternou entre altos e baixos e superou 2,50 reais, impulsionada pelo quadro eleitoral e por números fortes sobre o mercado de trabalho norte-americano.
"O cenário doméstico está se sobrepondo à questão internacional hoje. Não é de surpreender, considerando que a eleição está ali", disse o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.
Na véspera, novas pesquisas do Datafolha e do Ibope mostraram a presidente na liderança da disputa nos dois turnos. No levantamento do Datafolha, Aécio Neves (PSDB) aparece em empate técnico com Marina Silva (PSB) na disputa pela segunda colocação, gerando incertezas sobre quem chegará à segunda rodada.
A alta do dólar pela manhã também foi corroborada pela perspectiva de subida dos juros norte-americanos mais cedo que o esperado, que ganhou suporte nesta manhã após dados mostrarem que os empregadores dos EUA acelerarem as contratações em setembro e a taxa de desemprego caiu à mínima de seis anos.
Nesse contexto, o dólar subiu mais de 1 por cento ante o euro, alcançando a máxima em mais de dois anos, e se fortaleceu frente as principais moedas emergentes.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 2,11 mil contratos para 1º de junho e 1,89 mil contratos para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 196,9 milhões de dólares.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 13 por cento do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares.