Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar não sustentou a alta exibida na primeira etapa dos negócios e fechou a quarta-feira em queda, mas ainda rondando a casa de 3,30 reais, influenciado por fluxo vendedor de recursos e após a vitória do governo na véspera com a aprovação da urgência para a votação da reforma trabalhista no Senado.
O dólar recuou 0,53 por cento, a 3,2926 reais na venda, depois de bater a máxima do dia em 3,3312 reais. O dólar futuro caía cerca de 0,50 por cento no final da tarde.
"O exportador aproveitou o nível de preços e entrou vendendo, desmontando principalmente posições montadas no mercado futuro", explicou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
O fluxo de ingresso de recursos se somou ao clima mais positivo após o governo ter conseguido aprovar a urgência da reforma trabalhista no Senado, embora a cena política ainda inspirasse cautela nos agentes, após o presidente Michel Temer ser denunciado por crime de corrupção passiva com delações de executivos do grupo J&F. Assim, o dólar rondava o patamar de 3,30 reais há dias.
O mercado praticamente já embutiu nos preços a aprovação dessa reforma, mas o foco principal é o andamento da reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem.
"O placar da reforma trabalhista foi bom (46 a 19 votos)", disse o operador da distribuidora de títulos e valores mobiliários Ourominas Ademar Vitor Pereira Mendes.
Os investidores também aguardavam a votação na Câmara dos Deputados da denúncia contra Temer, que dará aval ou não para o Supremo Tribunal Federal (STF) prosseguir com o processo. Na véspera, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) foi escolhido como relator da denúncia.
"Não era o preferido do Planalto para conduzir esse processo, mas está muito longe de ser um oposicionista ao governo Temer", afirmou a Coinvalores em relatório. "Ao que tudo indica, o presidente terá apoio suficiente para que o processo de denúncia não prospere."
A inversão da trajetória do dólar ante o real teve início antes da divulgação da ata do Federal Reserve e se manteve após o documento mostrar que as autoridades do banco central dos Estados Unidos mostraram-se divididas sobre o cenário para a inflação e como ela pode afetar o ritmo futuro de altas dos juros.
O Banco Central não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão, por ora. Em agosto, vencem 6,181 bilhões de dólares em swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares.
(Edição de Patrícia Duarte)