Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar teve queda firme ante o real nesta terça-feira e terminou na casa de 3,18 reais, influenciado pelo movimento da moeda no exterior e expectativa de ingresso de recursos no país por conta da repatriação de ativos de brasileiros no exterior.
O dólar recuou 0,77 por cento, a 3,1830 reais na venda. O dólar futuro cedia 0,6 por cento à tarde.
"O dólar acompanhou de perto o mercado externo", comentou o sócio-diretor da gestora Jive Asset Management, Leonardo Monoli, ao justificar o comportamento do dólar, que chegou a recuar 1,02 por cento na mínima da sessão, a 3,1747 reais.
O dólar recuava mais de 1 por cento ante o peso mexicano e o rand sul-africano nesta tarde.
"O giro foi um pouco melhor nesta sessão, mas ainda baixo, o que significa que qualquer operação influencia mais as cotações. O ambiente de Brasil está melhor, então isso potencializou a queda aqui", emendou.
A moeda norte-americana iniciou a sessão em queda e assim permaneceu, acompanhando a busca por risco no exterior.
A trajetória da moeda norte-americana ante o real também foi favorecida pela proximidade do prazo final para a repatriação de recursos não declarados no exterior, em 31 de outubro, já que o projeto que alterava as regras saiu da pauta da Câmara dos Deputados.
"A decisão de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, de arquivar o projeto que modificaria a lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior deve provocar considerável aumento da adesão de contribuintes nessa reta final do programa, o que, em termos práticos, poderá influenciar na valorização do real diante do dólar", explicou a corretora Renascença em relatório a clientes.
A leitura do mercado é de que muitos dos investidores que estavam aguardando uma definição sobre o prazo para decidir quando iriam aderir à repatriação agora têm que correr, já que a janela termina no fim deste mês.
"Temos uma janela, em tese, desta semana e da próxima para internalizar recursos", reforçou o economista da corretora BGC Liquidez Alfredo Barbutti, acrescentando que isso não significa que o dólar se manterá sempre em queda.
"Há dias que o mercado passa por correção, com investidores aproveitando preços, sobretudo quando a moeda cede abaixo de 3,20 reais", comentou.
O mercado doméstico de câmbio também aguarda o resultado na quarta-feira da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve cortar a taxa Selic.
Os investidores têm avaliado que, ao dar o primeiro passo para reduzir a taxa básica do Brasil, o Banco Central atestará as condições melhores do país e isso poderá atrair recursos estrangeiros e fazer o dólar ceder ainda mais ante o real.
O Banco Central vendeu nesta manhã todo o lote de 5 mil contratos de swap cambial reverso --equivalente à compra futura de dólares.