Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em queda ante o real nesta terça-feira, cotado abaixo de 3,20 reais, acompanhando a busca por risco no exterior que fazia a moeda norte-americana ceder ante outras divisas.
O mercado também reagia ao fato de que o projeto que altera as regras de repatriação de recursos não declarados no exterior não será mais pautado na Câmara dos Deputados. Com isso, permanece a data final de 31 de outubro para a repatriação de recursos do exterior, prevista na lei atual.
Às 10:18, o dólar recuava 0,47 por cento, a 3,1926 reais na venda. O dólar futuro cedia cerca de 0,30 por cento pela manhã.
"A decisão de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, de arquivar o projeto que modificaria a lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior deve provocar considerável aumento da adesão de contribuintes nessa reta final do programa, o que, em termos práticos, poderá influenciar na valorização do real diante do dólar", explicou a corretora Renascença em relatório a clientes.
A leitura do mercado é de que muitos dos investidores que estavam aguardando uma definição sobre o prazo para decidir quando iriam aderir à repatriação agora têm que correr, já que a janela termina no final deste mês.
"Temos uma janela, em tese, desta semana e da próxima para internalizar recursos", reforçou o economista da corretora BGC Liquidez Alfredo Barbutti.
Isso não significa, a seu ver, que o dólar se manterá sempre em queda. "Há dias que o mercado passa por correção, com investidores aproveitando preços, sobretudo quando a moeda cede abaixo de 3,20 reais", comentou.
O dólar recuava no exterior também com os investidores atrás do risco. Por sua vez o petróleo subia pela manhã com a moeda norte-americano e ainda por causa de comentários de analistas de que os mercados podem não ter tanto excesso de oferta quanto o esperado antes da reunião de novembro da Opep que pode decidir sobre o corte da produção.
O mercado doméstico de câmbio também aguarda o resultado do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira pode cortar a taxa Selic.
Os investidores têm avaliado que, ao dar o primeiro passo para reduzir a taxa básica do Brasil, o Banco Central atestará as condições melhores do país e isso poderá atrair recursos estrangeiros e fazer o dólar ceder ainda mais ante o real.
O Banco Central vendeu nesta manhã todo o lote de 5 mil contratos de swap cambial reverso --equivalente à compra futura de dólares.
(Por Claudia Violante)