Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparava cerca de 3 por cento nesta segunda-feira, indo acima de 2,50 reais e voltando às máximas desde 2008, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) deixar os investidores apreensivos com o futuro da política econômica do país.
Às 12h09, a moeda norte-americana subia 2,80 por cento, a 2,5258 reais na venda. Na máxima, chegou a avançar 4,21 por cento, a 2,5605 reais, maior nível intradia desde 5 de dezembro de 2008, quando atingiu 2,6190 reais.
Segundo operadores, as elevadas cotações desta sessão atraíram fluxo de exportadores no fim desta manhã, levando o dólar a reduzir em parte a alta.
Na sexta-feira, a divisa norte-americana havia caído 2,26 por cento em meio a rumores de que o desempenho nas urnas do candidato Aécio Neves (PSDB), derrotado por Dilma no domingo, seria melhor.
"O mercado está operando no escuro", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira. "Nós sabemos quem é o presidente, mas agora queremos saber quem é o ministro da Fazenda e como de fato vai ser esse próximo governo. Só aí vai dar para saber onde o dólar vai se acomodar".
Dilma, cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados financeiros, foi reeleita no domingo com o eleitorado mais dividido desde a redemocratização do país.
Apesar de a presidente ter acenado com o diálogo, investidores mostravam-se céticos. Segundo analistas, os mercados financeiros devem continuar voláteis até que ela dê sinais concretos de que está disposta a mudar a política econômica.
Em seu discurso após a reeleição na noite passada, a presidente disse que faria "ações locais, em especial na economia, para retomar o nosso ritmo de crescimento".
De acordo com analistas, o mercado já havia parcialmente precificado a vitória de Dilma ao levar o dólar da casa de 2,20 a 2,50 reais de setembro para cá, e que a divisa deve continuar por volta de 2,55 reais até que fique mais claro como será o próximo governo.
"Se houver um ministro menos favorável ao mercado, o real vai se desvalorizar ainda mais. E se o ministro agradar o mercado, o câmbio pode se acomodar", afirmou o operador de câmbio de um importante banco nacional.
Segundo publicou a Reuters na véspera, Dilma quer manter Alexandre Tombini à frente do Banco Central e deve convidar o empresário Josué Gomes para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No ministério da Fazenda, os nomes que ela trabalha são do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.
Operadores consultados pela Reuters preferem Barbosa a Mercadante e querem saber, também, se o atual secretário do Tesouro, Arno Augustin, será substituído.
"Está muito cedo. O mercado tem que aguardar as próximas notícias e as próximas sinalizações, mas, por enquanto, está pessimista", afirmou o operador da corretora B&T Marcos Trabbold, que acredita que o BC pode fazer leilões adicionais de swaps cambiais se a volatilidade ficar excessiva.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 3,1 mil contratos para 1º de junho e 900 contratos para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a 197,2 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 85 por cento do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares.
O contrato de dólar futuro para novembro subia cerca de 1,75 por cento nesta sessão. Segundo analistas, o movimento era mais fraco, frente ao mercado à vista, porque o derivativo já havia reduzido as perdas após o fechamento do dólar pronto na sexta-feira e pela aproximação do vencimento do contrato futuro.