Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou praticamente estável ante o real nesta quarta-feira, num dia de poucas notícias e em meio à constante atuação do Banco Central brasileiro, que vem mantendo a moeda norte-americana presa numa banda informal há meses.
A divisa teve leve alta de 0,05 por cento, 2,2223 reais na venda, oscilando pouco durante o dia, chegando a 2,2136 reais na mínima e a 2,2295 reais na máxima. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,3 bilhão de dólares.
"O dólar está engessado", resumiu o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
O dólar tem oscilado dentro da banda informal de 2,20 a 2,25 reais desde abril, exceto por um curto período em junho, quando flertou com patamares mais elevados, chegando a perto de 2,30 reais. Boa parte do mercado acredita que esse intervalo agradaria ao BC por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações.
Pela manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 3,5 mil contratos para 2 de fevereiro e 500 para 1º de junho de 2015, com volume correspondente a 198,6 milhões de dólares.
Em seguida, vendeu a oferta total de até 7 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em agosto. Ao todo, o BC já rolou cerca de 33 por cento do lote total, que corresponde a 9,457 bilhões de dólares.
Na primeira metade do pregão, a moeda dos EUA mostrou de forma mais constante leves baixas, refletindo o fluxo positivo visto pela manhã. Analistas citaram ainda a emissão da 500 milhões de dólares pela Caixa Econômica Federal, lançada nesta quarta-feira.
O viés de queda do dólar perdeu força perto da hora do almoço, levando o mercado brasileiro a realinhar-se com o exterior. Especulações do mercado de que a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, poderia apertar a política monetária levaram o dólar a fortalecer-se sobre moedas como o euro.
Yellen repetiu nesta quarta-feira à Câmara dos Deputados o discurso que proferiu ao Senado na véspera, quando afirmou que os juros nos EUA poderiam subir mais cedo que o esperado se o emprego melhorar. Mas ela também disse que recuperação econômica dos Estados Unidos continua incompleta, com o mercado de trabalho ainda abalado e salários estagnados.
Também contribuiu para tirar o dólar das mínimas do dia no mercado doméstico a informação de que o Brasil registrou saída líquida de 3,819 bilhões de dólares na semana passada.
"É um número ruim, mas ninguém espera que a situação saia do controle", afirmou o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano. "Além do quê, o BC está de olho", emendou.