Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar voltou a operar em queda ante o real nesta quinta-feira, influenciado pela perspectiva de adiamento do processo de aumento de juros nos Estados Unidos, após chegar a ser negociado pontualmente em alta pela ação de importadores em busca de cotações mais em conta.
Às 12:41, o dólar recuava 0,18 por cento, a 3,1906 reais na venda. O dólar futuro tinha queda de cerca 0,30 de por cento.
Na mínima da sessão, a moeda bateu em 3,1656 reais e, na máxima, atingiu 3,2187 reais.
"Houve um movimento especulativo no final da manhã, com o BCE e, sobretudo, pela compra de importadores, que aproveitaram o preço baixo. Agora, a moeda voltou à trajetória esperada", comentou o operador da Spinelli, José Carlos Amado, referindo-se ao Banco Central Europeu.
Em entrevista depois do encontro de política monetária, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que não foi discutido aumentar os estímulos monetários na reunião desta manhã, o que ajudou a pressionar pontualmente a moeda norte-americana.
A queda do dólar era influenciada pela perspectiva de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não deve elevar os juros da maior economia do mundo tão cedo, mantendo a atratividade aos investidores globais de outros mercados que oferecem maiores rendimentos, como o Brasil.
Na véspera, o Fed divulgou seu Livro Bege e informou que a economia dos Estados Unidos expandiu a um ritmo modesto em julho e agosto, mas que havia poucos sinais de que as pressões salariais estão sendo sentidas além dos postos de trabalho altamente qualificados.
Durante a manhã, foi divulgado que o número de norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, indicando força sustentada do mercado de trabalho, mesmo com o ritmo de crescimento desacelerando.
Ajudava ainda o fato de as importações dos chineses terem crescido em agosto, pela primeira vez em 22 meses, sugerindo que a demanda doméstica pode estar se recuperando, alimentando expectativas de melhor desempenho da economia global.
No fronte interno, a queda da moeda norte-americana ante o real também era favorecida pela notícia de que o governo de Michel Temer vai encaminhar a proposta de reforma da Previdência até o final do mês, antes das eleições municipais, considerada um dos principais pontos para colocar as contas públicas do país em ordem.
Por outro lado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou como "inócua" a proposta, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, argumentando que ela somente dar entrada na Casa no início de outubro mesmo.
O Banco Central realizou nesta manhã nova oferta de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.