Dólar sobe a R$4,1050, maior patamar desde setembro, por mau humor externo e local

Publicado 20.01.2016, 17:23
© Reuters.  Dólar sobe a R$4,1050, maior patamar desde setembro, por mau humor externo e local

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 1 por cento em relação ao real nesta quarta-feira e fechou no maior patamar desde setembro, reagindo ao profundo mau humor nos mercados externos conforme os preços do petróleo desabavam e à apreensão com as perspectivas brasileiras.

O dólar avançou 1,24 por cento, a 4,1050 reais na venda, maior nível de fechamento desde 28 de setembro, quando fechou a 4,1095.

A moeda norte-americana atingiu 4,1306 reais na máxima da sessão, maior nível intradia desde 29 de setembro (4,1551 reais).

"Prevalece a aversão a risco nos mercados internacionais. O petróleo não para de cair e todo alívio tem se mostrado temporário", disse o operador da corretora Correparti Guilherme França Esquelbek.

O petróleo nos Estados Unidos desabou abaixo de 27 dólares por barril nesta quarta-feira pela primeira vez desde 2003, refletindo a sobreoferta nos mercados globais e expectativas de demanda fraca diante da fraqueza no crescimento econômico global.

O recuo da commodity arrastou consigo boa parte dos mercados globais, como as bolsas chinesas e norte-americanas. Os três principais índices norte-americanos chegaram a cair mais de 3 por cento, com o Standard & Poor's 500 atingindo seu menor nível desde fevereiro de 2014.

No mercado de câmbio, a moeda norte-americana avançava em relação ao peso mexicano, chegando a renovar a máxima histórica, mesmo após o banco central do país entrar no mercado vendendo dólares.

No Brasil, a pressão foi corroborada por incertezas sobre a estratégia do governo para enfrentar a crise econômica. Além de preocupações com a possibilidade de que o governo possa recorrer ao afrouxamento fiscal para estimular a atividade, alguns operadores temem que o Banco Central evite aumentar os juros diante da recessão econômica.

"Sazonalmente, os primeiros meses do ano são de fluxo positivo, mas não é isso que estamos vendo. O contexto técnico está muito desfavorável e a incerteza sobre o BC potencializa", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Ítalo Abucater.

O BC brasileiro realizou nesta manhã mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 1º de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos. Até o momento, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 7,329 bilhões de dólares, ou cerca de 70 por cento do lote total, que corresponde a 10,431 bilhões de dólares.

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