SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava cerca de 1,5 por cento frente ao real nesta quarta-feira na esteira da intensa atuação do Banco Central, que compensava o efeito das crescentes apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Às 12:06, o dólar avançava 1,39 por cento, a 3,5433 reais na venda, após terminar quase estável na sessão passada e atingir 3,5476 reais na máxima deste pregão. O dólar futuro avançava 1,4 por cento.
"Muita gente que havia feito hedge cambial se desfez dessa posição nos dois últimos dias e o BC aproveitou esse movimento para acelerar a redução do estoque (de swaps tradicionais)", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
"Acho que boa parte desse ajuste já aconteceu, mas ainda temos alguns dias até a votação do impeachment então não dá para descartar volatilidade", acrescentou.
O BC manteve a estratégia de atuar fortemente no mercado, após fazer na véspera cinco leilões de swaps reversos, equivalentes a compra futura de dólares, e vender 160 mil contratos.
Neste pregão, a autoridade monetária realizou outros dois leilões de swap reverso, vendendo ao todo 63 mil contratos em duas vendas parciais, que equivalem a 3,15 bilhões de dólares. As ofertas foram, respectivamente, de 80 mil e 23 mil contratos.
Além disso, o BC não divulgou leilão de rolagem dos swaps tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, que vencem no mês que vem, repetindo a estratégia da véspera.
A intervenção vem no momento em que crescentes apostas no impeachment de Dilma trazem a moeda norte-americana para baixo. Muitos operadores entendem que eventual troca de governo poderia atrair capitais de volta ao país.
A perspectiva de impeachment ganhou mais força na noite passada com o desembarque do PP do governo. Segundo o líder do partido na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), maioria "expressiva" da bancada é favorável ao impeachment, mas não há fechamento de questão sobre a votação.
O PRB, que também era da base do governo, anunciou que sua bancadas na Congresso votarão a favor do impeachment.
A Câmara dos Deputados votará sobre a abertura do processo de impeachment no domingo. Pesquisa realizada por um importante banco internacional com clientes sugere que o cenário de impeachment estaria precificado nos mercados em pouco mais de 70 por cento, na média.
Nos mercados externos, dados fortes sobre o comércio na China traziam algum alívio ao câmbio, apesar do recuo dos preços do petróleo.
(Por Bruno Federowski)