SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava em direção a 3,60 reais nesta segunda-feira, após fechar no menor nível em sete meses na sessão anterior, com investidores preferindo estratégias mais defensivas em meio ao noticiário político intenso no Brasil e à atuação do Banco Central.
Às 12:20, o dólar avançava 0,77 por cento, a 3,5900 reais na venda, após recuar a 3,5627 reais na sexta-feira.
A moeda norte-americana subiu mais de 1 por cento e atingiu 3,5985 reais na máxima desta sessão. O dólar futuro avançava cerca de 1 por cento.
"A crise política é o principal fator afetando os mercados locais. As notícias não param de chegar de Brasília", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW, João Paulo de Gracia Corrêa.
Nesta segunda-feira o governo apresentará a defesa da presidente Dilma Rousseff à comissão da Câmara dos Deputados que analisa o pedido de impeachment, num momento em que o Planalto busca angariar votos de deputados para impedir que o processo de impedimento avance.
A percepção de que esses esforços podem dar resultados ganhou um pouco de força nos últimos dias após o rompimento do PMDB com o governo expor disputas internas no maior partido do Brasil.
Muitos investidores enxergam a possibilidade de impeachment de Dilma como um primeiro passo para a recuperação da confiança no país. Alguns ponderam, porém, que a instabilidade política pode manter a pressão sobre a economia.
Outro fator que vem concentrando as atenções do mercado é a estratégia de intervenções cambiais do BC.
Após a forte queda de sexta-feira passada, o BC anunciou para esta sessão leilão de até 14.100 swaps reversos, contratos equivalentes a compra futura de dólares. A autoridade monetária manteve a estratégia de promover vendas parciais, colocando apenas 8.140 contratos.
"O BC continuou a agir de pouco em pouco, só suavizando a trajetória do câmbio", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
O BC também manteve para esta sessão a oferta de até 5,5 mil swaps tradicionais --que agem na ponta inversa dos swaps reversos, funcionando como venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem no mês que vem.
A autoridade vendeu novamente a oferta integral dos swaps tradicionais para rolagem. Com isso, repôs ao todo o equivalente a 536 milhões de dólares, ou cerca de 5 por cento do lote do mês que vem, que corresponde a 10,385 bilhões de dólares.
Se mantiver esse ritmo até o penúltimo dia útil deste mês, o BC rolará cerca de metade do lote de março. O BC rolou aproximadamente 67 por cento do lote de abril, após promover sete rolagens integrais consecutivas.
(Por Bruno Federowski)