Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia e ia a 3,32 reais nesta terça-feira em reação à denúncia criminal apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, alimentando temores de que o andamento das reformas no Congresso Nacional será afetado.
Às 10:08, o dólar avançava 0,58 por cento, a 3,3206 reais na venda, depois de ter caído mais de 1 por cento na véspera, para o patamar de 3,30 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,70 por cento.
"O fatiamento (da denúncia) é ruim porque pode atrasar ainda mais as votações das reformas", afirmou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin.
Janot ofereceu denúncia contra Temer e o ex-assessor presidencial e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pelo crime de corrupção passiva a partir da delação dos executivos da JBS (SA:JBSS3). É a primeira vez que um presidente é denunciado criminalmente pela PGR no exercício do cargo.
Além disso, o chefe do Ministério Público Federal decidiu fatiar as acusações contra o presidente, sendo essa a primeira. Temer também foi investigado por crime de obstrução de Justiça e organização criminosa.
Em meio à uma esperada sucessão de denúncias, o governo pode passar mais tempo se defendendo politicamente, deixando em segundo plano os esforços para aprovar as reformas no Legislativo, sobretudo a da Previdência.
"A tendência é de desvalorização do real, já que a chance de passar a reforma da Previdência é cada vez menor", afirmou Gonin.
O Banco Central realizará nesta sessão mais um leilão de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem julho.