Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia frente ao real nesta quinta-feira, recuperando-se depois de na véspera ter renovado mínimas em um ano devido à elevação da perspectiva do Brasil por uma agência de classificação de risco, enquanto o mercado avaliava as chances de o Federal Reserve voltar a elevar os juros em suas próximas reuniões.
Às 9:51 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,52%, a 4,8359 reais na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 9:51 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,33%, a 4,8490 reais.
O mercado digeria nesta quinta-feira dados dos Estados Unidos, com destaque para leituras dos pedidos semanais de auxílio-desemprego e do setor de varejo, que ofereceram sinais mistos sobre a saúde econômica do país.
As vendas no varejo norte-americano tiveram alta inesperada em maio, apontando uma resiliência que casa com a percepção do Fed de que é necessário elevar ainda mais os juros para esfriar a economia e conter a inflação. Por outro lado, os pedidos de auxílio-desemprego vieram um pouco mais altos do que o esperado na semana passada.
Na quarta, o Federal Reserve anunciou a manutenção dos juros na faixa de 5% a 5,25% ao ano, mas sinalizou em novas projeções econômicas que os custos dos empréstimos podem aumentar mais 0,50 ponto percentual até o final do ano.
Essa perspectiva mais "hawkish", ou dura no combate à inflação, sustentava o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes, que alternava estabilidade e leve alta no dia.
"Apesar da pausa, (o Fed) colocou o futuro de forma totalmente vaga. O mercado ainda lê como certas mais duas altas dos juros, e essa visão pode pressionar os ativos por mais tempo", escreveu Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de recursos da Nova Futura Investimentos.
Parte dos ganhos da divisa norte-americana frente ao real também foi atribuída por participantes do mercado a um ajuste técnico, depois de, na véspera, o dólar spot ter tombado 1,06%, a 4,8108 reais na venda, menor cotação de fechamento desde 6 de junho de 2022, quando encerrou a 4,7959.
É normal, após oscilações intensas da moeda, haver momentos pontuais de correção no sentido oposto, conforme investidores realizam lucros.
Por trás do salto do real na véspera, a agência de classificação de risco S&P elevou na quarta-feira a perspectiva para a nota de crédito do Brasil de "estável" para "positiva", e reafirmou o rating "BB-". De acordo com a agência, sinais de maior certeza sobre políticas fiscal e monetária estáveis podem beneficiar as perspectivas de crescimento econômico do país, atualmente baixas.
"Tal 'upgrade' reflete maior certeza em relação as políticas monetárias e fiscais, tanto por parte dos brasileiros quanto dos estrangeiros, que passam a olhar mais para o Brasil como oportunidade de investimento", disse a Genial Investimentos em relatório a clientes.