Dólar tem leve alta com incertezas sobre tarifa ao Brasil

Publicado 18.07.2025, 09:11
Atualizado 18.07.2025, 10:15
© Reuters. Notas de dólarn03/12/2018. REUTERS/Akhtar Soomro

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista tinha leve alta nesta sexta-feira, conforme os investidores demonstravam aversão ao risco diante de incertezas em torno da ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 50% ao Brasil, enquanto uma agenda vazia apoiava os movimentos contidos nas negociações.

Às 9h54, o dólar à vista subia 0,21%, a R$5,5595 na venda.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,10%, a R$5,573 na venda.

As tensões comerciais entre Brasil e EUA continuam como principal ponto de atenção no mercado nacional, uma vez que os investidores monitoram a possibilidade de negociações antes da entrada em vigor da taxa tarifária anunciada por Trump em 1º de agosto.

Na última atualização do governo brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na véspera, em pronunciamento à nação, que a carta de Trump anunciando a tarifa é uma "chantagem inaceitável" e defendeu a soberania do Brasil na atuação ante empresas digitais, criticada pelo norte-americano.

"O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável", disse Lula

Do lado dos EUA, Trump, voltou a vincular na quinta-feira a adoção de tarifa sobre os produtos do Brasil ao julgamento por tentativa de golpe de Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme carta enviada pelo norte-americano ao ex-mandatário brasileiro.

Na carta, cuja tradução em português foi publicada por Bolsonaro na rede social X, Trump fala de suposto "tratamento terrível" recebido pelo ex-presidente "pelas mãos de um sistema injusto voltado contra você".

Nesta sexta, Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e terá de usar tornozeleira eletrônica, além de cumprir outras medidas restritivas, informou a assessoria do ex-mandatário, em uma escalada dos problemas enfrentados por Bolsonaro com a Justiça.

Diante das incertezas sobre as tensões entre Brasil e EUA, os investidores optavam pela cautela, o que significava um posicionamento contido contra a divisa brasileira.

"Trump ontem voltou a vincular a aplicação de impostos pesados sobre produtos brasileiros aos processos judiciais que enfrenta Bolsonaro e por isso traz um pouco mais de receios e dúvidas entre investidores sobre possíveis soluções", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Ao vincular as tarifas a temas políticos e judiciários do Brasil, fica um pouco mais difícil tentar entender o que o Brasil pode oferecer ou negociar com os EUA para tentar resolver essas discrepâncias", completou.

Com isso, os movimentos do real nesta sessão caminhavam na contramão de seus pares emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano, que avançavam sobre o dólar.

Uma agenda vazia no Brasil, sem a divulgação de indicadores econômicos, também apoiava a cautela.

No cenário externo, o foco recente dos mercados globais tem sido a análise do impacto inicial das tarifas de Trump sobre a atividade econômica nos EUA, com dados recentes demonstrando uma certa resiliência da maior economia do mundo.

Na quinta-feira, dados mais fortes do que o esperado para vendas no varejo e uma queda inesperada nos pedidos iniciais de auxílio-desemprego fomentaram a percepção de força da economia dos EUA.

Os resultados afetavam as apostas de operadores sobre o espaço que o Federal Reserve terá para cortar a taxa de juros neste ano, com as expectativas de momento mostrando uma boa probabilidade de o Fed reduzir os juros em setembro, apesar da pressão de Trump por cortes imediatos.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,27%, a 98,236.

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