O dólar subia na manhã desta quinta-feira, 31, e teve máxima a R$ 5,7775, se ajustando à elevação dos juros curtos dos Treasuries, após a divisa americana oscilar nos primeiros negócios. O mercado de câmbio está sujeito à volatilidade em meio à defesa de interesses técnicos de investidores em dia de definição da última taxa Ptax de outubro. A rejeição pela Câmara da tributação de grandes fortunas é visto como sinal negativo para o governo e o cenário fiscal.
O ajuste do dólar se dá também após a Pnad Contínua mais forte, que mostrou taxa de desocupação no Brasil em 6,4% no trimestre encerrado em setembro, abaixo da mediana das expectativas (6,5%).
As commodities mostram sinais difusos - com petróleo em alta leve e queda de 0,38% do minério de ferro - e os juros dos Treasuries operam sem direção única.
Um ambiente de cautela predomina nas bolsas internacionais após balanços corporativos divergentes e por incertezas sobre o desfecho das eleições presidenciais de 5 de novembro nos EUA e da reunião de política monetária do Fed, também na próxima semana.
Do lado interno, investidores buscam sinais de que as medidas de corte de gastos serão adequadas. O Projeções Broadcast apurou que o mercado espera uma redução de R$ 25,50 bilhões nas despesas do governo, valor que ficaria aquém dos R$ 49,50 bilhões necessários para atender às regras fiscais de 2024.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrou-se incomodado com a pressão por um anúncio e afirmou que há uma "forçação boba" em torno do tema.
A Câmara rejeitou a proposta de tributação sobre grandes fortunas e concluiu nesta semana a votação do segundo projeto de regulamentação da reforma tributária, que segue agora para o Senado.
O economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, diz que a decisão da Câmara representa uma "derrota" para o governo e mostra efetivamente as dificuldades, os desafios que o Executivo ainda terá ao longo de 2025 para sancionar outros projetos de aumento de impostos e/ou de criação de novos tributos. "É sinal robusto que o governo não tem maioria garantida para aprovar os projetos de arrecadação e necessários para estancar a alta da dívida pública/PIB."
Segundo o economista, pressiona ainda mais a necessidade do governo de anunciar um pacote robusto de ajuste de corte de despesas. "Caso não venha um montante mais próximo da faixa de R$ 40 bi - R$ 50 bilhões, será difícil revalorizar o real ante o dólar do atual nível de R$ 5,76."
Às 9h35, o dólar à vista subia 0,15%, a R$ 5,7660. O dólar para novembro ganhava 0,020%, a R$ 5,7660.