Dólar tem alta moderada após invasões em Brasília com confiança do mercado nas instituições

Publicado 09.01.2023, 09:16
Atualizado 09.01.2023, 10:35
© Reuters. Notas de reais e dólares
10/09/2015
REUTERS/Ricardo Moraes
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar tinha alta apenas moderada frente ao real nesta segunda-feira, mesmo depois que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a sede dos Três Poderes em Brasília, com investidores citando a solidez das instituições brasileiras como uma âncora para a confiança do mercado no país.

Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram no domingo os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, num eco da invasão do Capitólio norte-americano por apoiadores de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021.

Apesar da gravidade das invasões, por volta de 10h20 (de Brasília) desta segunda-feira, o dólar à vista avançava 0,56%, a 5,2647 reais na venda, ritmo de alta comportado na comparação com os saltos de mais de 1,5% registrados em cada um dos dois primeiros pregões de 2023.

"Acredito que os reflexos políticos deste episódio sejam pertinentes, especificamente em relação a novos possíveis atos, mas também em relação aos agentes públicos que foram coniventes com isso -- essa percepção de 'falta de controle' da segurança pública traz sim reflexos de curto prazo na percepção de risco Brasil", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Por outro lado, oferecendo suporte à moeda local, "houve forte reação dos Poderes, o que reforça a solidez das nossas instituições", disse Bergallo.

Em duras manifestações após as invasões, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmaram que vão trabalhar para que haja punição de "terroristas", financiadores e agentes públicos envolvidos nos atos antidemocráticos.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez uma convocação extraordinária dos deputados e senadores para apreciar a decisão do chefe do Executivo.

Por sua vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), repreendeu a invasão das sedes dos Três Poderes e cobrou punição aos responsáveis pelos atos.

Além disso, vários líderes mundiais condenaram as invasões de domingo, incluindo o presidente norte-americano, Joe Biden, que disse que instituições democráticas do Brasil têm o apoio dos Estados Unidos.

"Esse reconhecimento internacional é simbólico e importante para o novo governo", disse a Órama Investimentos em análise. No entanto, a instituição ponderou que a percepção de uma instabilidade institucional pode afastar investidores estrangeiros do Brasil e aumentar a volatilidade das negociações neste pregão.

"Os rumos dos mercados nos próximos dias serão definidos pela capacidade das instituições brasileiras de conseguir evitar novos atos de vandalismo, e também não permitir a adesão de categorias importantes, como os caminhoneiros", avaliou a Órama.

Já Bergallo, da FB, avalia que, "passado o susto inicial, outras pautas vão dar lugar a essa, e os mercados tendem a se normalizar na direção em que estavam indo (dólar pra baixo, bolsa pra cima)".

© Reuters. Notas de reais e dólares
10/09/2015
REUTERS/Ricardo Moraes

O cenário externo também ajudava a limitar os ganhos do dólar frente ao real nesta sessão, segundo participantes do mercado, uma vez que o índice da moeda norte-americana contra uma cesta de pares fortes caía 0,30%, em meio à redução de temores sobre um aperto monetário agressivo demais por parte do Federal Reserve.

Na última sessão, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 2,17%, a 5,2364 reais na venda, maior desvalorização percentual diária desde 31 de outubro (-2,57%) e o patamar de encerramento mais baixo desde 26 de dezembro (5,2105).

(Edição de Camila Moreira e André Romani)

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