Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrava leve alta ante o real nesta quarta-feira, acompanhando o cenário externo, mas o movimento era contido pela vitória do governo na véspera com a aprovação da urgência para votação da reforma trabalhista no Senado.
A cautela dos investidores, no entanto, continuava por conta da cena política delicada, após o presidente Michel Temer ser denunciado por crime de corrupção passiva com delações de executivos do grupo J&F. Assim, o dólar rondava o patamar de 3,30 reais há dias.
Às 10:34, o dólar avançava 0,24 por cento, a 3,3181 reais na venda, depois de ter fechado a véspera a 3,3102 reais. O dólar futuro tinha alta de 0,20 por cento.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano, com o mercado à espera de dados sobre o mercado de trabalho norte-americano nesta semana e também da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, nesta tarde.
Estrategistas acreditavam que esta semana pode marcar uma ruptura na tendência do dólar se os dados econômicos dos Estados Unidos surpreenderem para cima, que alimentariam expectativas de mais altas do dólar no mercado internacional.
Internamente, a cena política não saía do radar, com algum alívio nesta sessão após a aprovação, na noite passada, do regime de urgência para a votação da reforma trabalhista no Senado, que deve ocorrer na próxima semana.
O mercado já embutiu nos preços a aprovação dessa reforma, mas o foco principal é o andamento da reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem.
"O placar da reforma trabalhista foi bom (46 a 19 votos)", disse o operador da distribuidora de títulos e valores mobiliários Ourominas Ademar Vitor Pereira Mendes.
Os investidores também aguardavam a votação na Câmara dos Deputados da denúncia contra Temer, que dará aval ou não para o Supremo Tribunal Federal (STF) prosseguir com o processo. Na véspera, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) foi escolhido como relator da denúncia.
"Não era o preferido do Planalto para conduzir esse processo, mas está muito longe de ser um oposicionista ao governo Temer", afirmou a Coinvalores em relatório. "Ao que tudo indica, o presidente terá apoio suficiente para que o processo de denúncia não prospere."
O Banco Central não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão, por ora. Em agosto, vencem 6,181 bilhões de dólares em swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares.