Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com leve baixa frente ao real nesta segunda-feira, em sessão marcada por baixo volume de negócios e cautela à espera de mais sinais sobre a política monetária nos Estados Unidos e do início do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
O dólar recuou 0,17 por cento, a 3,2015 reais na venda, após chegar a 3,2283 reais na máxima e 3,1995 reais na mínima do dia. O dólar futuro recuava cerca de 0,2 por cento no fim desta tarde.
"Temos dois eventos importantes nesta semana e o mercado vai ficar de lado até lá", resumiu o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
A chair do Federal Reserve, banco central norte-americano, Janet Yellen fará discurso em conferência de bancos centrais em Jackson Hole, nos EUA, na sexta-feira. Investidores buscarão em suas palavras pistas sobre quando os juros voltarão a subir, possivelmente atraindo para a maior economia do mundo recursos aplicados em mercados emergentes.
Nesta sessão, o dólar subia em relação às principais moedas emergentes após o vice-chair do Fed, Stanley Fischer, afirmar no domingo que o Fed está próximo de atingir suas metas de pleno emprego e 2 por cento de inflação.
As declarações ecoaram afirmações semelhantes do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, que já haviam levado investidores a elevarem as apostas em aumento de juros neste ano.
"Se Yellen mantiver o tom dos últimos discursos (de autoridades do Fed), a tendência é que o dólar fortaleça. Há uma suspeita de que o mercado exagerou quando comprou a ideia de que os juros não subiriam neste ano", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW, João Paulo de Gracia Corrêa.
Os juros futuros dos Estados Unidos apontavam que os operadores viam probabilidade um pouco inferior a 50 por cento de que o Fed elevará os juros neste ano, segundo dados do programa Fedwatch do grupo CME.
No cenário local, as últimas etapas do processo de impeachment de Dilma monopolizaram as atenções, com o início do julgamento marcado para quinta-feira.
Espera-se amplamente que o impeachment seja confirmado, mas operadores acreditam que o fato deve servir de gatilho para a volta de muitos investidores estrangeiros ao país.
"A proximidade do impeachment vai deixar nosso real mais atrativo no curto prazo", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos em nota a clientes.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu novamente 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.