O dólar renovou máxima a R$ 5,4454 (+0,39%) no mercado à vista, logo após o leilão de US$ 700 milhões em swap cambial para overhedge das instituições financeiras. O leilão de overhedge tem efeito de baixa, mas não se sustenta pela alta do dólar lá fora e as incertezas fiscais no Brasil, afirma o economista Alexandre Almeida, da CM Capital Markets.
"A moeda chegou a cair mais cedo, mas logo passou a subir, se ajustando à apreciação externa do dólar", observa a fonte. "O dólar segue forte ante as moedas do G-10 e também frente a grande parte das divisas emergentes, com dirigentes do Fed reforçando a defesa pelo início da retirada de estímulos em novembro, e destacando o crescimento econômico dos EUA e inflação crescente no país", diz Almeida.
Há pouco, o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na Filadélfia, Patrick Harker, disse que apoiaria o início do tapering já em novembro e a conclusão do processo em meados de 2022.
Harker não vota nas reuniões de política monetária do Fed este ano. Aqui, Almeida comenta que a deflação do IGP-M em setembro, o Caged bem melhor que o esperado e o superávit primário do setor público, contrariando expectativa de déficit, são boas notícias.
Porém, ele afirma que as incertezas fiscais - com possibilidade de extensão do auxílio emergencial fora do teto de gastos e as indefinições sobre o novo programas sociais e o pagamento de precatórios -, além da estagnação de reformas no Congresso, apoiam um dólar mais forte ante real. "O que se discute agora é a alteração de impostos estaduais sobre combustíveis, mas não é questão simples e mercado vai acompanhar com atenção, em cenário de inflação pressionada", afirma.