Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - Depois de chegar a cair mais de 1% nas mínimas do dia, o dólar devolveu as perdas contra o real e passava a subir nesta quinta-feira, com alguns investidores citando volatilidade antes da formação da Ptax de fim de mês e trimestre, enquanto as incertezas internacionais e domésticas continuavam no radar.
A moeda foi a 5,3674 reais na mínima do dia, queda de 1,15%, antes de devolver suas perdas e chegar a tocar 5,4413 na máxima, alta de 0,20%.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes a suas posições.
"Hoje teremos o clássico da Ptax, e, como sempre falamos, um clássico é um jogo equilibrado, nem sempre tem um favorito", disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, referindo-se à "briga" entre posições compradas e vendidas. "Mas parece que os comprados estão mais bem treinados e vão tentar pressionar o mercado para cima."
Enquanto isso, disse à Reuters Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a combinação de temores crescentes de redução de estímulos nos Estados Unidos e preocupações domésticas em torno da saúde fiscal do Brasil ajudavam a manter o dólar em patamares elevados.
O próprio Banco Central avaliou nesta quinta-feira que o risco fiscal brasileiro segue elevado apesar da melhora recente nas contas públicas, pontuando que há incerteza tanto do lado das receitas, cujo aumento recente pode não ser sustentável, quanto do lado das despesas, em meio a indefinições associadas ao Bolsa Família e à conta de precatórios.
A moeda norte-americana emendou a sexta alta consecutiva na quarta-feira -- série mais longa desde os oito pregões de ganhos entre o fim de junho e início de julho -- e renovou máxima desde 4 de maio ao fechar em alta de 0,06%, a 5,4300 reais.
O dólar estava a caminho de encerrar o mês de setembro, que foi difícil para ativos arriscados de todo o mundo, em alta de mais de 4,5%.
No acumulado do trimestre, a moeda norte-americana sobe quase 9%, depois de encerrar o mês de junho abaixo do patamar psicológico de 5 reais.
Caso o governo não proponha uma fonte de financiamento clara para o auxílio emergencial, disse Ortiz, é possível que nem mesmo o agressivo ciclo de aperto monetário do Banco Central consiga dar suporte ao real.