Dólar volta a subir após ir abaixo de R$3,80, com nervosismo sobre cena política

Publicado 07.10.2015, 15:48
Atualizado 07.10.2015, 15:59
© Reuters.  Dólar volta a subir após ir abaixo de R$3,80, com nervosismo sobre cena política
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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar anulou a queda e passou a subir ante o real nesta quarta-feira, com investidores voltando a comprar divisas após três dias de queda firme, nervosos com as perspectivas políticas após o Congresso encerrar a sessão em que votaria vetos presidenciais com impacto sobre as contas públicas.

Às 15:44, o dólar avançava 0,79 por cento, a 3,8734 reais na venda. Na mínima do dia, chegou a 3,7880 reais, menor patamar intradia desde 9 de setembro (3,7671 reais) e, na máxima, alcançou 3,8865 reais.

Nas três sessões anteriores, a moeda norte-americana havia acumulado queda de 3,99 por cento contra o real.

"Quem tinha vendido (dólares) nos últimos dias está comprando hoje. Ninguém quer pagar para ver se os problemas políticos vão se resolver", disse o operador de uma corretora nacional.

Pelo segundo dia seguido, não houve quórum de deputados e o Congresso Nacional adiou novamente sessão em que analisaria os vetos presidenciais. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia afirmado mais cedo que, caso a sessão conjunta entre senadores e deputados fosse novamente cancelada por falta de quórum, caberia ao Executivo articular melhor sua base.

O cenário político é ainda mais complicado pela análise das contas do governo de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), marcada para esta tarde e que recebeu sinal verde do Supremo Tribunal Federal. O julgamento pode abrir espaço para o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Com isso, o real se descolou de outros mercados emergentes, onde o dólar recuava. Nos últimos dias, uma rodada de indicadores econômicos fracos sobre os Estados Unidos alimentou as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode esperar mais antes de dar início ao aperto monetário, o que aconteceria só em 2016.

A manutenção de juros perto de zero na maior economia do mundo pode sustentar a atratividade de investimentos em países como o Brasil, que pagam juros elevados.

"Investidores estão mostrando clara preferência por risco devido a expectativas de que o Fed não mude sua política monetária por enquanto", escreveram mais cedo analistas do Scotiabank em nota a clientes.

O Banco Central brasileiro deu continuidade nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 2,558 bilhões de dólares, ou cerca de 25 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.

(Por Bruno Federowski)

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