Economia brasileira sofre estagnação vista como passageira pelo Governo

Publicado 06.12.2011, 14:49
Atualizado 06.12.2011, 15:28

Rio de Janeiro, 6 dez (EFE).- Após oito trimestres consecutivos de crescimento, a economia brasileira se estagnou no terceiro trimestre de 2011, variação nula que era esperada e considerada passageira pelo Governo, consequência das medidas restritivas já levantadas.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi nulo no terceiro trimestre do ano em comparação com o segundo e 2,1% na comparação com o mesmo período de 2010, conforme os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da estagnação da atividade econômica entre julho e setembro, o crescimento acumulado da economia brasileira foi de 3,2% nos nove primeiros meses do ano e de 3,7% nos últimos 12 meses até setembro.

"No quarto trimestre, a economia está em aceleração porque já revertemos parte das medidas (restritivas) que tínhamos adotado (para combater a inflação)", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em declarações aos jornalistas.

Mantega e os economistas do mercado financeiro consideram que, além da crise econômica internacional, a estagnação do terceiro trimestre foi provocada pelas medidas restritivas que o próprio Governo adotou no início do ano para frear a inflação, como a elevação das taxas de juros e do depósito compulsório bancário e a redução dos gastos públicos.

"O Governo vinha executando uma política de contração, com juros altos e ajuste fiscal, por isso que se podia esperar até uma queda do PIB no terceiro trimestre", disse à agência Efe André Perfeito, economista da empresa Gradual Investimentos.

"Outro feito importante foi a piora da situação na zona do euro", acrescentou o economista.

"O Governo não pisou demais o freio. O inesperado foi o agravamento da crise internacional. Era um fator que não esperávamos", declarou Mantega.

Mas o Banco Central começou em agosto um processo de redução gradual das taxas de juros, que já voltaram ao nível do começo do ano, e o Governo levantou várias medidas restritivas e anunciou um conjunto de incentivos para elevar o consumo.

As medidas buscam que o gigantesco mercado interno, motor da economia brasileira nos últimos anos, volte a impulsionar o crescimento e reverta a queda da demanda externa provocada pela crise internacional.

"Temos o controle da situação. Ao contrário de outros países afetados pela falta de mercado ou pela crise, aqui temos a possibilidade de acelerar o crescimento com o mercado interno", afirmou Mantega.

Segundo o Governo, a ligeira recuperação no quarto trimestre permitirá que o Brasil termine o ano com expansão de perto de 3,2% (abaixo do percentual previsto de 3,8%) e que o crescimento chegue a 4% e 5% em 2012.

Por sua vez, os economistas do setor financeiro consultados na semana passada pelo Banco Central preveem crescimento de 3,09% para 2011 e de 3,48% para 2012.

Em qualquer dos dois casos, o crescimento do PIB brasileiro deste ano será menos da metade de 7,5% medido em 2010, quando o país obteve sua maior expansão em 25 anos.

Os dados divulgados nesta terça-feira mostram que o Brasil, que até agora não dava sinais de contagio da crise internacional, está crescendo menos do que os outros países emergentes e que os próprios países afetados pela crise.

Conforme o IBGE, enquanto a economia brasileira se estagnou no terceiro trimestre frente ao segundo, a da China se expandiu 9,1%, a da Índia 6,9%, a da Rússia 4,8% e a da África do Sul 3,1%.

Na comparação com países desenvolvidos, o desempenho do Brasil apenas não foi superior ao da Holanda, país em que a economia se retraiu 0,3% no terceiro trimestre, e igualou a Espanha e a Bélgica (0,0%), mas foi inferior ao da França (+0,4%), Reino Unido (0,5%), Estados Unidos (0,5%), Alemanha (0,5%), Coreia do Sul (0,7%), Noruega (1,4%) e Japão (1,5%). EFE

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