Antonio Broto.
Pequim, 15 abr (EFE).- A economia chinesa se consolidou no segundo posto mundial no primeiro trimestre de 2011, com uma ascensão anualizada de seu Produto Interno Bruto (PIB) de 9,7%, mas também manteve uma alta inflação de 5,4% em março, número que gera dúvidas sobre a estabilidade da maior potência emergente.
Enquanto o vizinho Japão, relegado ao terceiro posto das economias planetárias em 2010, tenta reagir após a sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, o PIB da China no primeiro trimestre de 2011 ascendeu a 9,63 trilhões de iuanes (US$ 1,67 trilhão), informou nesta sexta-feira o Escritório Nacional de Estatísticas.
O número, que representa um leve arrefecimento após crescimento de 9,8% no quarto trimestre de 2010, significa também aumento do PIB de 2,1% com relação ao último trimestre do ano passado, assinalou o escritório, que pela primeira vez realiza a comparação entre um trimestre e o anterior.
A economia chinesa cresceu 10,3% em 2010, e o Governo chinês fixou a meta de crescimento do PIB de 8% para todo o ano de 2011, com sérios desafios para Pequim como a crescente inflação e a persistente bolha imobiliária.
No primeiro trimestre de 2011, a produção industrial aumentou 14,4%, enquanto o investimento em ativos fixos ascendeu a 3,94 trilhões de iuanes (US$ 603,3 bilhões), alta anualizada de 25%.
As vendas no varejo, principal indicador de consumo, ascenderam a 4,29 trilhões de iuanes (US$ 656,9 bilhões), alta de 16,3% com relação ao período janeiro-março de 2010.
Por outro lado, o país, maior exportador mundial, registrou no primeiro trimestre deste ano um surpreendente déficit comercial de US$ 1 bilhão.
Suas exportações ascenderam a US$ 399,6 bilhões, 26,5% mais, e as importações a US$ 400,7 bilhões, aumento de 32,6%.
Com relação à taxa de inflação da China, cujos altos níveis preocupam o Governo, houve aumento de 5,4% no mês de março, meio ponto percentual a mais que nos meses de janeiro e fevereiro e o pior índice em 32 meses.
No cômputo de todo o trimestre, os preços na China chegaram a 5%, um ponto acima da meta do Governo chinês, que fixou manter a alta de preços abaixo de 4% para todo o ano de 2011 (no ano passado foi de 3,3%).
Em termos trimestrais, foi registrado um alarmante incremento dos preços dos alimentos, de até 11%, enquanto os imóveis, ainda sob efeitos de uma bolha especulativa apesar das medidas de "esfriamento" de Pequim, subiram 6,5%.
Abaixo da média ficaram as altas de vestuário (0,3%), as despesas de saúde (3,1%) e os de transportes e comunicações (0,1%).
Deve ser levado em conta, apesar das altas de preços, que estes itens desceram 0,2% em março com relação a fevereiro, época na qual habitualmente as altas são maiores pelo Ano Novo Lunar e o Festival de Primavera, principal festividade chinesa.
Pequim teme que as rápidas altas de preços produzam instabilidade social, com precedentes como os dos anos 80, quando índices de inflação que em algumas ocasiões superaram os 10% aumentaram, um dos motivos causadores dos protestos da Praça da Paz Celestial.
Para conter os preços, o regime comunista adotou principalmente medidas monetárias, o banco central subiu neste ano as taxas de juros em duas ocasiões e o depósito compulsório dos bancos em três. EFE