Rio de Janeiro, 3 jun (EFE).- O Brasil registrou um crescimento de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, segundo dados nacionais que confirmaram nesta sexta-feira que a economia do país caminha a passos mais lentos.
O freio na economia brasileira, já esperado pelo mercado, resultou no menor ritmo de crescimento anualizado, que se moderou até 6,2% após registrar em 2010 o melhor dado em 30 anos, alta de 7,5%.
Em comparação com o primeiro trimestre de 2010, a economia cresceu 4,2%, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou o dado do primeiro trimestre como "muito positivo" e avaliou que a economia do país "mantém a vitalidade dos últimos anos", respondendo aos ajustes aplicados pelo Governo da forma esperada pelas autoridades.
"Este crescimento reflete uma acomodação da economia brasileira aos ajustes que fizemos desde o final do ano passado no sentido de moderar o crescimento, porém mantê-lo em patamar suficiente para gerar riquezas", disse Mantega em entrevista coletiva em São Paulo.
O chefe da pasta econômica do Governo previu que, no segundo trimestre, o crescimento será ligeiramente menor ao registrado entre janeiro e março e reafirmou a previsão oficial de crescimento de 4,5% para este ano.
"Se olharmos abril e maio, notamos que a economia brasileira desacelerou um pouco mais. O segundo trimestre do ano vai ter um crescimento menor", analisou Mantega.
O arrefecimento da economia repercutiu principalmente na queda do consumo das famílias, que foi um dos principais motores do vigoroso crescimento do ano passado.
O consumo das famílias registrou uma tímida alta de 0,6% no trimestre, o que mostra que os brasileiros se viram obrigados a amenizar o ritmo de gastos diante do aumento da inflação, que acumula uma alta anualizada de 6,51%, e devido às medidas do Governo para tentar moderar os preços.
O Banco Central elevou as taxas de juros para 12% anual e o Governo Dilma Rousseff aplicou uma série de medidas para endurecer o acesso ao crédito.
Mantega afirmou nesta sexta-feira que, no primeiro quadrimestre, a expansão do crédito se situará em torno de 13%, sete pontos abaixo da taxa registrada no ano passado.
Na opinião do ministro, a restrição do crédito irá possibilitar que a inflação fique em um nível mais baixo até o fim do ano.
O fechamento da torneira de crédito já está causando efeitos no freio à indústria, setor que moderou seu crescimento no trimestre a uma taxa de 2,2%.
Alguns setores que dependem em grande medida do financiamento das famílias, como o automotivo, estão sentindo uma considerável queda de vendas e reagiram diminuindo a produção, segundo dados das principais entidades patronais industriais do país.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) alertou nesta sexta-feira que a luz amarela acendeu no semáforo da indústria brasileira. O organismo divulgou um novo estudo que assinala uma baixa na produtividade na indústria, mas são vários os indicadores que apontam uma rápida desaceleração no setor a partir de abril.
Os subsetores que melhor resultado tiveram no primeiro trimestre foram a indústria de transformação (2,8%) e a construção civil (2%).
A mineração, responsável de uma importante porção das exportações do país, registrou um dos piores resultados do conjunto da economia, uma queda de 1,5%.
A área econômica que continua com maior pujança é o setor agrícola, que cresceu 3,3% entre janeiro e março, confirmando as perspectivas favoráveis do Governo, que espera uma safra recorde para este ano e bons dados de exportações. EFE