Heba Helmy.
Cairo, 6 fev (EFE).- Após permanecerem fechados durante nove dias, os bancos egípcios reabriram as portas neste domingo para atender com serviços e horários restringidos, mas as longas filas motivaram muitos clientes a voltar outro dia.
A crise que explodiu no Egito em 25 de janeiro levou a paralisação parcial da atividade econômica do país, com empresas fechadas, repartições públicas trabalhando em níveis mínimos e uma interrupção de cinco dias no acesso à internet.
Desde este domingo, quando o Egito começou a recuperar o ritmo normal, os cidadãos começam a ir aos bancos para realizar transações pendentes, entre estas a cobrança dos salários que não puderam ser pagos no fim de janeiro.
"Estou há dias esperando a abertura (dos bancos) para receber meu salário. Não tenho dinheiro e tive de pegar emprestado, mas tenho de receber agora para devolver o dinheiro que peguei emprestado", disse à Agência Efe Mohammed Ahmed, enquanto esperava para entrar em uma filial bancária.
Em um percurso feito pela Efe em diferentes setores da capital era possível observar filas de dezenas e até centenas de pessoas à espera da sua vez de entrar no banco.
Diante de uma filial do banco NSGB, no bairro de Mohandessin, cerca de 200 pessoas brigavam para entrar na filial, enquanto era clara a ausência de agente de segurança.
Os trabalhadores do banco pediam aos clientes seus nomes para deixá-los entrar um a um, mas alguns desistiram e foram embora devido à dificuldade para entrar no banco.
"Tem de haver maior organização, tomara que eu consiga entrar ainda hoje", revelou Farid Shawki, contador de uma companhia privada que foi à filial para checar algumas contas.
"Não pudemos fazer antes transferências para pagar os salários aos empregados porque os bancos estavam fechados, e agora parece muito difícil fazê-las", afirmou Shawki, quem se queixava do pequeno número de filiais abertas.
Neste domingo, 29 das 39 entidades bancárias do Egito abriram as portas, mas com número reduzido de filiais, e funcionamento apenas três horas.
Faltava dinheiro em terminais automáticos, um problema que se repete desde o fim de janeiro.
No centro do Cairo, em frente ao banco estatal al Iskandariyah, centenas de pessoas esperavam em filas que chegavam até a rua.
O diretor dessa filial, Mahmoud Abdel Latif, que tentava organizar com os funcionários a entrada dos clientes, disse à Efe que a abertura neste domingo só abrangia 30 das 200 filiais da entidade no país.
"Nosso problema é servir as pessoas e que cada um consiga fazer a operação que deseja, e depois veremos internamente (com os empregados) nosso trabalho", acrescentou.
Durante o fechamento dos bancos, esta filial permitiu a algumas companhias sacar dinheiro para pagar os salários de seus trabalhadores e a alguns clientes depositar seu dinheiro.
Segundo Latif, o dinheiro depositado foi maior do que o retirado, talvez pela onda de ações de vandalismo do último fim de semana de janeiro, quando a Polícia saiu às ruas do Cairo e de outras cidades.
Para evitar uma retirada em massa de recursos, o Banco Central impôs limite de 50 mil libras egípcias (US$ 8,475 mil) para saques, uma margem que não afeta às transferências.
"Não vai haver nenhum problema em sacar dinheiro porque a quantia máxima para cada cliente é de 50 mil libras, e acho que a maioria dos que estão aqui só vão sacar 1 mil ou 2 mil libras para satisfazer as necessidades urgentes", explicou o diretor da filial.
O presidente do instituto emissor, Farouk al Okda, anunciou que as autoridades destinaram 5 bilhões de libras (US$ 847 milhões) às diferentes entidades bancárias para atender as necessidades de efetivo. EFE