TRÍPOLI/ROMA (Reuters) - Mais de 200 imigrantes podem ter morrido no mar Mediterrâneo durante o fim de semana, de acordo com depoimentos de sobreviventes, e vários corpos, incluindo o de uma criança, foram parar em uma praia da Líbia.
Cerca de 7.500 pessoas foram resgatadas no litoral líbio desde quinta-feira, disseram as guardas costeiras da Itália e da Líbia. Dois grupos de sobreviventes disseram que centenas se afogaram quando seus botes de borracha começaram a desinflar antes da chegada do resgate.
Teme-se que mais de 60 pessoas tenham morrido, e três corpos foram recuperados no sábado, relataram à guarda costeira da Itália sobreviventes levados à Sicília no domingo. O bote zarpou da Líbia com cerca de 120 pessoas a bordo, disseram.
Há alguma discrepância nos números. Com base em entrevistas com alguns dos sobreviventes em Pozzallo, na Itália, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) estimou o número de mortos em mais de 80.
Separadamente, a guarda costeira da Líbia recolheu sete sobreviventes ao longo do fim de semana que disseram ter estado em um barco com 170 imigrantes. A agência de assistência International Medical Corps, que prestou socorro médico aos sobreviventes, também confirmou o relato.
"Resgatamos no domingo sete imigrantes ilegais – seis homens e uma mulher", informou Omar Koko, comandante da guarda costeira em Zawiya, cidade do oeste líbio. "De acordo com estes sobreviventes, havia 170 a bordo no barco, que afundou devido à superlotação".
Entre os desaparecidos estão mais de 30 mulheres e nove crianças, disse Koko. Onze corpos surgiram em uma praia a oeste de Zawiya, disse Mohanad Krima, porta-voz do Crescente Vermelho em Zawiya.
"Todos os corpos são de vítimas femininas e há uma menina de menos de um ano de idade", disse. Na semana passada, sobreviventes contaram que um homem encontrado morto a tiros em um dos botes de borracha foi assassinado por um traficante de pessoas por causa de seu boné.
O Acnur disse que, excluindo os naufrágios mais recentes, mais de 1.150 pessoas desapareceram ou morreram até agora neste ano tentando chegar à Itália depois de partir do norte da África, onde a ausência da lei e da ordem vem permitindo que os traficantes de pessoas operem impunemente.
A chegada de imigrantes ao território italiano pelo mar cresceu cerca de 30 por cento neste ano em comparação com 2016, quando 181 mil pessoas chegaram ao país, um número recorde.
"Os riscos aumentam devido à qualidade cada vez pior das embarcações e do uso cada vez maior de botes de borracha, em vez daqueles de madeira", disse o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, no domingo.
(Por Isla Binnie e Steve Scherer, em Roma, e Ahmed Elumami, em Trípoli)