Por William James e Isla Binnie
FLORENÇA, Itália (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, delineou nesta sexta-feira um plano para manter pleno acesso ao mercado comum da União Europeia por dois anos após a saída britânica do bloco, o chamado Brexit, para tentar tranquilizar o empresariado e mudar o tom das negociações emperradas com Bruxelas.
Mas suas propostas para tal transição, para cumprir as obrigações financeiras do Reino Unido e para proteger os direitos dos cidadãos da UE ficaram aquém do que o bloco queria.
O negociador do Brexit da UE, Michel Barnier, elogiou o discurso por seu "espírito construtivo", mas pediu mais detalhes. Outra autoridade disse que ficou "ainda mais preocupado".
No discurso feito em uma igreja do século 14 em Florença, na Itália, May apelou diretamente aos líderes da UE por uma retomada das conversas, que estão travadas em uma série de questões, como o tamanho da conta que os britânicos deveriam pagar como parte do acordo de desfiliação.
Ela passou a maior parte dos 30 minutos de sua fala descrevendo as semelhanças entre seu país e a UE e dizendo que, se as conversas complicadas para desfazer mais de 40 anos de união fracassassem, os único beneficiários seriam aqueles que se opõem à democracia, ao liberalismo e ao livre comércio.
A libra esterlina caiu diante do dólar e do euro durante o discurso de May, perdendo mais de um centavo em relação à moeda norte-americana.
"Está claro que as pessoas, os negócios e os serviços públicos só deveriam ter que planejar um conjunto de mudanças no relacionamento entre o Reino Unido e a UE", disse a premiê a uma plateia de líderes empresariais e diplomatas italianos.
"Por isso, durante o período de implementação, o acesso aos respectivos mercados deveriam continuar nos termos atuais, e o Reino Unido também deveria continuar a participar das medidas de segurança existentes."
O Reino Unido quer levar as conversas adiante e começar a abordar como o relacionamento futuro com o bloco funcionará, um gesto que o governo de Londres diz ser vital se quiserem se entender sobre o projeto de lei de separação.
Mas a UE manteve-se firme, recusando-se a discutir arranjos comerciais até que se tenha feito "progresso suficiente" nos três primeiros temas – o acerto financeiro, a fronteira terrestre com a Irlanda, que é membro do bloco, e a proteção dos direitos dos expatriados.
(Reportagem adicional de Elizabeth O'Leary, Kate Holton, Elizabeth Piper e Kylie MacLellan em Londres e Noah Barkin em Berlim)