Macarena Vidal.
Londres, 25 mai (EFE).- O presidente americano, Barack Obama, em discurso no Parlamento do Reino Unido transmitiu nesta quarta-feira uma mensagem na qual destacou que a aliança entre os Estados Unidos e a Europa "continuará sendo indispensável".
Obama pronunciou um discurso histórico perante os membros das duas câmaras do Parlamento britânico - o primeiro de um presidente americano aos membros de ambas as casas, Bill Clinton e Ronald Reagan só se dirigiram à Câmara dos Lordes -, no Westminster Hall, o edifício mais antigo do Legislativo e geralmente reservado aos discursos da rainha Elizabeth II.
A aliança transatlântica "continua sendo o catalisador para as ações globais", afirmou o presidente americano.
"Embora mais nações assumam as responsabilidades da liderança global, nossa aliança continuará sendo indispensável para a meta de um século mais pacífico, mais próspero e mais justo", disse Obama, perante um público que incluía deputados, ministros e antigos primeiros-ministros e atuais do Reino Unido.
O líder americano destacou a liderança crescente de países emergentes em questões globais, benéfica em sua opinião. Para ele, a aliança terá de evoluir e se adaptar aos novos tempos.
"Nossa liderança conjunta requereria estabelecer novas alianças, adaptar-nos a novas circunstâncias e transformar-nos para enfrentar as demandas de uma nova era", ressaltou Obama.
Ele afirmou que, de qualquer maneira, Estados Unidos e aliados devem manter sua unidade em aspectos como liderança econômica, defesa dos direitos humanos e dos valores comuns, e cooperação em matéria de segurança. Para Obama, os aliados terão de redobrar seus investimentos em educação e novas tecnologias.
Diante de um inimigo terrorista que não respeita as normas da guerra, continuou o presidente, "continuaremos respeitando um padrão mais alto, mantendo os valores e o Estado de direito que defendemos tão categoricamente".
"Acreditamos não só nos direitos das nações, mas nos direitos dos cidadãos", lembrou Obama, referindo-se a uma ideia que, para ele, está se colocando a toda prova nos movimentos em favor de mudanças democráticas no Oriente Médio e no Norte da África.
Para demonstrar o apoio ocidental a essa aliança, "devemos respaldar nossas palavras com fatos" e investir no futuro dessas nações em transição, manifestou Obama, que propôs um plano de apoio político e econômico aos países que adotarem reformas democráticas, como Egito e Tunísia.
"Procederemos com humildade e o conhecimento de que não podemos ditar os resultados em outros países. No final, cada povo tem de conquistar sua liberdade, não se deve impô-la de fora. Mas podemos e devemos nos alinhar com aqueles que lutam por ela", afirmou o presidente americano, ante os aplausos entusiastas dos parlamentares.
Obama falou perante o Parlamento britânico no segundo dos três dias de sua visita de Estado.
Nesta quarta-feira, o presidente se reuniu em um encontro bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, para tratar de assuntos como o conflito no Afeganistão e a missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia.
Os dois declararam em entrevista coletiva que não vão reduzir a pressão para forçar a renúncia do líder líbio Muammar Kadafi.
Em seu discurso desta quarta-feira, Obama defendeu novamente a intervenção na Líbia, ao questionar-se: "Se nós não enfrentarmos essa responsabilidade, quem o fará por nós?".
"Nossa iniciativa, nossa liderança, é essencial para a causa da dignidade humana. Portanto, devemos atuar e liderar com confiança em nossos ideais e uma sólida confiança no caráter de nossos povos", insistiu.
O presidente dos Estados Unidos deve concluir a jornada desta quarta-feira com um jantar em homenagem à rainha Elizabeth II, em correspondência ao jantar de Estado que ela lhe ofereceu na terça-feira.
Obama partirá nesta quinta-feira à cidade de Deauville, na França, para participar da cúpula do Grupo dos Oito (G8, bloco de potências ocidentais mais a Rússia), na qual pedirá respaldo para a aplicação de seu plano econômico e político às democracias emergentes no mundo árabe. EFE