Bangcoc, 13 out (EFE).- A Procuradoria Geral americana fez hoje
uma nova tentativa na Justiça da Tailândia para que o suposto
traficante de armas russo, Viktor Bout, seja extraditado aos Estados
Unidos.
David Ogden, procurador-geral Adjunto, reuniu-se em Bangcoc com
funcionários do Ministério da Justiça para abordar à extradição do
chamado "Mercador da morte", que foi solicitada pelos Estados Unidos
e negada em agosto pelo tribunal tailandês.
"O processo de extradição de Viktor Bout é importante para os
Estados Unidos. Sobre ele recaem sérios crimes contra os
americanos", disse Odgen à imprensa.
A visita do procurador-geral Adjunto a Bangcoc ocorreu depois de
no mês de setembro, o mesmo tribunal desprezar uma justificativa
apresentada pela Colômbia em favor da extradição de Bout, por
entender que a mesma estava sendo feita fora de prazo.
Os Estados Unidos, através da Procuradoria Geral da Tailândia,
apelaram contra a decisão que rejeitou a extradição de Bout para que
seja julgado em um tribunal americano por vender armas à guerrilha
das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), conspirar
para o assassinato de funcionários norte-americanos e comprar
lança-foguetes antiaéreos.
O Ministério colombiano de Relações Exteriores apresentou o
recurso americano em um relatório de 300 páginas em que aponta o
russo como "um traficante ilegal de armas muito perigoso e suspeito
de tentar vender as Farc cem lança-mísseis antiaéreos portáteis
Igla, entre outras armas".
Em março de 2008, Bout, ex-piloto e agente da KGB (serviço
secreto da União Soviética), foi detido no luxuoso hotel Sofitel de
Bangcoc por membros da agência antidrogas dos Estados Unidos que se
faziam passar por compradores de armas.
As autoridades tailandesas cogitaram processá-lo por apoio ao
terrorismo, mas desistiram diante da falta de provas, por isso Bout
pode sair livre se a apelação dos Estados Unidos for rejeitada.
Os serviços de inteligência britânicos e americanos sustentam que
Bout coordenou durante anos uma das maiores redes privadas de
contrabando de armas e teve negócios com regimes sanguinários na
África e Ásia, com ditadores como o liberiano Charles Taylor e com o
terrorista Osama bin Laden, quem pagava à vista os pedidos para Al
Qaeda.
Sua fama inspirou o filme de Hollywood "Lorde of War" (Senhor da
Guerra), cujo protagonista, Nicholas Cage, relata orgulhoso no filme
que aproveitou a queda da União Soviética para ganhar dinheiro com
os arsenais que adquiriu ao subornar generais corruptos. EFE